Mais de oito mil pessoas morreram por ‘overdose’ de drogas ilícitas em 2018 na Europa

22 de Setembro 2020

Pelo menos 8.300 pessoas morreram em 2018 na União Europeia por 'overdose' de drogas ilícitas, principalmente opioides, segundo um relatório europeu sobre droga e toxicodependência divulgado esta terça-feira.

Este número aumenta para uma estimativa de 9.200 mortes se a Noruega e a Turquia forem incluídas, representando uma ligeira diminuição em relação à estimativa revista de 9.500 em 2017.

O relatório do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT, EMCDDA na sigla em inglês), hoje apresentado em Bruxelas, revela que a taxa de mortalidade devido a ‘overdoses’ na Europa em 2018 é estimada em 22,3 mortes por milhão de habitantes com idades entre 15 e 64 anos.

Em Portugal, morreram 29 pessoas por ‘overdose’ de heroína em 2018, o que representa um aumento na ordem dos 93% em relação ao ano anterior.

Os opiáceos, principalmente a heroína ou os seus metabolitos, em combinação com outras substâncias, estão presentes na maioria das sobredosagens fatais notificadas na Europa.

Segundo o “Relatório Europeu sobre Drogas 2020: Tendências e Desenvolvimentos”, as mortes relacionadas com opioides predominam particularmente no norte da Europa – Áustria, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Irlanda, Luxemburgo, Noruega, Suécia e Reino Unido – e também na Bulgária, Croácia e Roménia, onde cerca de 9 em cada 10 mortes por ‘overdose’ envolveram alguma forma de opioide.

Como nos anos anteriores, o Reino Unido (um terço) e a Alemanha juntos respondem por metade de todas as mortes por ‘overdose’ na União Europeia.

A Alemanha registou 405 mortes em 2018 (uma redução de 1%), a Itália 155 mortes em (um aumento de 5%) e a Turquia 205 mortes em 2018 (uma redução de 3%).

A Suécia relatou 98 mortes por heroína em 2018, enquanto a Áustria deu conta de um aumento nas mortes com morfina ou heroína na toxicologia, de 77 em 2017 para 113 em 2018.

Opioides além da heroína também são regularmente mencionados em relatórios de toxicologia ‘post mortem’. Essas substâncias, principalmente metadona, mas também buprenorfina (Finlândia), fentanil e seus derivados e tramadol estão associadas a uma parte substancial das mortes por ‘overdose’ em alguns países.

Segundo o relatório, que cobre tanto o número geral de mortes quanto as taxas de mortalidade, no geral, na Europa, as pessoas que usam opioides têm entre 5 e 10 vezes mais probabilidade de morrer do que os seus pares da mesma idade e sexo.

A ‘overdose’ é uma das causas mais frequentes de morte entre pessoas com problemas com drogas, mas outras causas de morte indiretamente relacionadas ao uso de drogas, como VIH e hepatites virais, lesões acidentais, violência, incluindo homicídio e suicídio, também são importantes causas de mortalidade nesse grupo.

As doenças pulmonares e hepáticas crónicas, bem como os problemas cardiovasculares, são frequentes e agora estão na origem de um aumento na proporção de mortes entre consumidores de drogas mais velhos e crónicos, que têm ciclos de uso, tratamento, abstinência e recaída de longo prazo.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Confiança: o pilar da gestão de crises na Noruega

A confiança foi essencial na gestão da pandemia pela Noruega, segundo o professor Øyvind Ihlen. Estratégias como transparência, comunicação bidirecional e apelo à responsabilidade coletiva podem ser aplicadas em crises futuras, mas enfrentam desafios como polarização política e ceticismo.

Cortes de Ajuda Externa Aumentam Risco de Surto de Mpox em África

O corte drástico na ajuda externa ameaça provocar um surto massivo de mpox em África e além-fronteiras. Com sistemas de testagem fragilizados, menos de 25% dos casos suspeitos são confirmados, expondo milhões ao risco enquanto especialistas alertam para a necessidade urgente de políticas nacionais robustas.

Audição e Visão Saudáveis: Chave para o Envelhecimento Cognitivo

Um estudo da Universidade de Örebro revela que boa audição e visão podem melhorar as funções cognitivas em idosos, promovendo independência e qualidade de vida. Intervenções como aparelhos auditivos e cirurgias oculares podem retardar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento.

Défice de Vitamina K Ligado a Declínio Cognitivo

Um estudo da Universidade Tufts revela que a deficiência de vitamina K pode intensificar a inflamação cerebral e reduzir a neurogénese no hipocampo, contribuindo para o declínio cognitivo com o envelhecimento. A investigação reforça a importância de uma dieta rica em vegetais verdes.

Regresso de cirurgiões garante estabilidade no hospital Fernando Fonseca

O Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Fernando Fonseca entra num novo ciclo de estabilidade com o regresso de quatro cirurgiões experientes, incluindo o antigo diretor. A medida, apoiada pelo Ministério da Saúde, visa responder às necessidades de 600 mil utentes.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights