Um dia destes…

30 de Setembro 2020

Temos os heróis que na linha da fente têm dado o peito às balas de uma pandemia que já matou mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo. Mas também temos vilões!!

Há coisas que por mais que me debata, não consigo vencer. Uma delas é o funcionamento do fantástico SNS em tempo de pandemia. Os heróis que na linha da frente têm dado o peito às balas de uma pandemia que já matou mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo.

Reconhecendo que de facto os hospitais (e nestes os médicos dos serviços de urgência e a Medicina Interna) tiveram e têm um papel fundamental para que a coisa não descambasse em ruptura, a verdade é que não consigo entender o que é que andam os médicos das demais 40 e tais especialidades médicas a fazer.

Não há consultas presenciais e mesmo as telefónicas, que parece terem vindo para ficar só as há quando “Deus quer”….

Chega-se mesmo ao extremo do ridículo de telefonarem para os doentes a avisar que a sua médica especialista assistente vai ligar a determinada hora, apelando à prontidão no atendimento e depois o telefone não toca. Nem nesse dia nem nos seguintes. Não toca de todo.

Entretanto, sem consultas, os doentes enfrentam, pra além da deterioração do seu estado clínico, a brutalidade da segurança social que lhes exige o que não lhe é possível ter devido ao confinamento do SNS: Relatórios Médicos. Não veem o doente, não o auscultam, nada. É de olho. O que a médica assistente diz não conta, nem mesmo o diagnóstico.

É “croquete e retrete” no seu melhor, a lembrar tempos que ainda hoje envergonham a especialidade.

E fazem-no num registo miserável, aos gritos, contrapondo, sempre que o vistoriado justifica a falta de um qualquer relatório com a interrupção das consultas, que esse é um problema da Saúde e não da Segurança Social. Que se não levar consigo o papel na próxima inspeção, cancelam-lhe a baixa.

Um dia, destes lá teremos, inevitavelmente, o Bastonário e os sindicatos aos gritos porque um dos doentes “foi às trombas” ao médico de Saúde Pública que se presta a estes papéis.

MMM

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Percursos Assistenciais Integrados: Uma Revolução na Saúde do Litoral Alentejano

A Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano implementou um inovador projeto de percursos assistenciais integrados, visando melhorar o acompanhamento de doentes crónicos. Com recurso a tecnologia digital e equipas dedicadas, o projeto já demonstrou resultados significativos na redução de episódios de urgência e na melhoria da qualidade de vida dos utentes

Projeto Luzia: Revolucionando o Acesso à Oftalmologia nos Cuidados de Saúde Primários

O Dr. Sérgio Azevedo, Diretor do Serviço de Oftalmologia da ULS do Alto Minho, apresentou o projeto “Luzia” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa inovadora visa melhorar o acesso aos cuidados oftalmológicos, levando consultas especializadas aos centros de saúde e reduzindo significativamente as deslocações dos pacientes aos hospitais.

Inovação na Saúde: Centro de Controlo de Infeções na Região Norte Reduz Taxa de MRSA em 35%

O Eng. Lucas Ribeiro, Consultor/Gestor de Projetos na Administração Regional de Saúde do Norte, apresentou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde os resultados do projeto “Centro de Controlo de Infeção Associado a Cuidados de Saúde na Região Norte”. A iniciativa, que durou 24 meses, conseguiu reduzir significativamente a taxa de MRSA e melhorar a vigilância epidemiológica na região

Gestão Sustentável de Resíduos Hospitalares: A Revolução Verde no Bloco Operatório

A enfermeira Daniela Simão, do Hospital de Pulido Valente, da ULS de Santa Maria, em Lisboa, desenvolveu um projeto inovador de gestão de resíduos hospitalares no bloco operatório, visando reduzir o impacto ambiental e económico. A iniciativa, que já demonstra resultados significativos, foi apresentada na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, promovida pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar

MAIS LIDAS

Share This