Há coisas que por mais que me debata, não consigo vencer. Uma delas é o funcionamento do fantástico SNS em tempo de pandemia. Os heróis que na linha da frente têm dado o peito às balas de uma pandemia que já matou mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo.
Reconhecendo que de facto os hospitais (e nestes os médicos dos serviços de urgência e a Medicina Interna) tiveram e têm um papel fundamental para que a coisa não descambasse em ruptura, a verdade é que não consigo entender o que é que andam os médicos das demais 40 e tais especialidades médicas a fazer.
Não há consultas presenciais e mesmo as telefónicas, que parece terem vindo para ficar só as há quando “Deus quer”….
Chega-se mesmo ao extremo do ridículo de telefonarem para os doentes a avisar que a sua médica especialista assistente vai ligar a determinada hora, apelando à prontidão no atendimento e depois o telefone não toca. Nem nesse dia nem nos seguintes. Não toca de todo.
Entretanto, sem consultas, os doentes enfrentam, pra além da deterioração do seu estado clínico, a brutalidade da segurança social que lhes exige o que não lhe é possível ter devido ao confinamento do SNS: Relatórios Médicos. Não veem o doente, não o auscultam, nada. É de olho. O que a médica assistente diz não conta, nem mesmo o diagnóstico.
É “croquete e retrete” no seu melhor, a lembrar tempos que ainda hoje envergonham a especialidade.
E fazem-no num registo miserável, aos gritos, contrapondo, sempre que o vistoriado justifica a falta de um qualquer relatório com a interrupção das consultas, que esse é um problema da Saúde e não da Segurança Social. Que se não levar consigo o papel na próxima inspeção, cancelam-lhe a baixa.
Um dia, destes lá teremos, inevitavelmente, o Bastonário e os sindicatos aos gritos porque um dos doentes “foi às trombas” ao médico de Saúde Pública que se presta a estes papéis.
MMM
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