Já começou a transição de poder mesmo sem Trump admitir a derrota

25 de Novembro 2020

Donald Trump insistiu na quinta-feira que não desistiu da luta para inverter os resultados das eleições, mas, através do governo federal, já começaram os preparativos da transição de poder para a equipa de Joe Biden.

Horas depois de a agência governamental para os Serviços Gerais (GSA, na sigla em Inglês) ter reconhecido a vitória de Biden nas eleições de 03 de novembro, os funcionários públicos de carreira abriram as portas das agências a centenas de membros da equipa de transição de Biden para preparar a inauguração de 20 de janeiro.

E na terça-feira, Trump assinou a autorização para Biden receber o boletim diário produzido pelos serviços de informações destinado ao presidente e aos principais líderes do governo.

Na tarde de terça-feira, a equipa de transição de Biden esteve em contacto com todas as agências federais sobre o planeamento da passagem de poder, segundo um dos seus membros.

Mas Trump, que ainda não admitiu formalmente a derrota – e poderá nunca o fazer – continua a lançar dúvidas sobre o processo eleitoral, apesar da avaliação dos serviços do seu próprio governo que decorreu sem qualquer fraude, má prática ou interferência generalizada.

Desde a sua derrota que Trump tem mantido um perfil baixo. Hoje apareceu na sala da imprensa da Casa Branca para fazer uma declaração de um minuto sobre o recorde do índice bolsista Dow Jones Industrial Average e mais tarde deu o tradicional perdão ao peru no Jardim das Rosas. Desde há semanas que não responde a uma pergunta dos jornalistas.

Mas, na rede social Twitter, não tem parado de escrever sobre as eleições presidenciais.

“Lembrem-se: a GSA tem sido terrífica e (a sua diretora) Emily Murphy tem feito um grande trabalho, mas a GSA não determina quem vai ser o próximo Presidente dos EUA”, escreveu Trump, na Twitter, na manhã de terça-feira.

A sua equipa de advogados tem continuado a contestar, de forma fútil, os resultados eleitorais em Estados decisivos.

Murphy agiu depois de o Estado do Michigan ter certificado a vitória de Biden e de um juiz do Estado da Pensilvânia ter rejeitado o processo que visava impedir a certificação dos resultados neste Estado.

A Pensilvânia certificou os seus resultados e a atribuição dos seus 20 votos a Joe Biden, na terça-feira de manhã, seguido horas depois pelo Estado do Nevada.

Por outro lado, são cada vez mais os republicanos que reconhecem publicamente a vitória de Biden, depois de semanas de silêncio face às acusações de Trump de fraude no processo eleitoral, sem nunca as provar.

Nos últimos dias, vários colaboradores seniores de Trump, como o chefe de gabinete, Mark Meadows, e o conselheiro Pat Cipollone encorajaram-no a autorizar a transição de poder, dizendo-lhe que não tinha de admitir a derrota, mas que não podia continuar a adiar os trabalhos da transferência para a equipa de Biden.

Na segunda-feira, Meadows enviou um documento para os funcionários da Casa Branca, a dizer que o trabalho destes ainda não tinha terminado e que o governo iria “cumprir com todas as ações necessárias para garantir uma transferência de poder suave”, segundo um dos destinatários do texto.

Ao mesmo tempo, avisou os funcionários que não tenham autorização específica para interagir com a equipa de Biden para que não a contactem.

O secretário dos Serviços de Saúde e Humanos, Alex Azar, disse na terça-feira aos jornalistas que, horas depois de a GSA ter reconhecido a vitória de Biden, os principais dirigentes da sua agência estiveram em contacto com a equipa do presidente eleito para combinarem reuniões, incluindo sobre a distribuição de vacinas contra o coronavirus.

“Estamos a entregar todos os materiais de transição que estavam preparados”, acrescentou Azar. “Vamos também garantir reuniões coordenadas com eles para garantir que obtêm a informação que sentem que precisam”.

Já o dirigente que gere a equipa de transição no Pentágono com a equipa de Biden informou que a primeira reunião, de forma virtual, vai acontecer na manhã de quinta-feira e que espera que seja seguida de encontros diários, algumas em modo virtual, outras em pessoa.

Este dirigente, Tom Muir, disse a jornalistas que a equipa de Biden foi devidamente recebida, incluindo o fornecimento de materiais, capacidades de videoconferências e espaço físico dentro do Pentágono.

No mesmo registo, um porta-voz do Departamento do Desenvolvimento Urbano e de Habitação (HUD, na sigla em Inglês) disse: “Os funcionários de carreira do HUD começaram o processo de calendarizar reuniões com a equipa de transição de Biden, em resposta aos seus pedidos”.

A decisão do GSA liberta milhões de dólares em apoios federais para a transição de poder e dá à sua equipa acesso a espaços federais e serviços de apoio, incluindo computadores, telefones e salas de reunião seguras.

LUSA/HN

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