Dos novos casos diagnosticados em 2019, cerca de 20% foram na UE/EEE, que inclui os 27 Estados-membros da UE mais Islândia, Liechtenstein e Noruega, e 80% na parte oriental da região europeia, adianta relatório do Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa) em vésperas do Dia Mundial de Luta Contra a Sida, que se assinala no dia 01 de dezembro.
Mais de metade dos diagnósticos (53%) acontece numa fase tardia da infeção, quando o sistema imunitário já começou a falhar, “um sinal” de que as estratégias de testagem na Região Europeia não estão a funcionar adequadamente para diagnosticar precocemente o vírus da imunodeficiência humana (VIH).
O documento destaca que “o número de pessoas diagnosticadas com SIDA, a fase final da infeção por VIH não tratada, diminuiu mais de metade na última década, sendo que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de acabar com a epidemia de SIDA até 2030 é alcançável”.
Contudo, na UE/EEE, por exemplo, 74% dos 2.772 diagnósticos de SIDA diagnosticados em 2019 foram realizados muito pouco depois do diagnóstico inicial do VIH, no prazo de três meses.
“Isto mostra um problema significativo com o diagnóstico tardio da infeção pelo VIH”, afirma o ECDC, advertindo que o diagnóstico tardio contribui para a transmissão contínua do VIH.
Embora a tendência em toda a Região Europeia da OMS (que engloba 53 países, entre os quais a Rússia e a Ucrânia) tenha estabilizado nos últimos anos, o número de pessoas recentemente diagnosticadas com VIH aumentou 16% desde 2010.
Em contrapartida, a proporção de novos diagnósticos nos países da UE/EEE diminuiu 9% durante o mesmo período, refere o relatório, a que a agência Lusa teve acesso.
“O número reportado de diagnósticos recentes de VIH e o número estimado de novas infeções por VIH em toda a região europeia da OMS mostram que mais pessoas foram infetadas com o VIH na última década do que as que foram diagnosticadas, indicando que o número de pessoas que vivem com VIH não diagnosticado está a aumentar na Região”, alerta.
“Apesar do foco na Covid-19 neste momento, não devemos perder de vista outras questões de saúde pública como o VIH”, cujo diagnóstico precoce “é uma prioridade urgente”, defende o diretor do ECDC, Andrea Ammon, em comunicado.
Para Andrea Ammon, não se pode atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável se se demorar uma média de três anos para as pessoas descobrirem que são seropositivas, defendendo ser essencial diversificar as estratégias de testagem do VIH.
“Lembro-me quando um diagnóstico de VIH parecia uma sentença de morte. Agora, com o tratamento adequado, as pessoas com HIV podem viver sem medo da SIDA”, diz, por seu turno, o diretor Regional da OMS para a Europa, Hans Kluge.
Estes dados são de 2019, a questão agora é o efeito que a pandemia terá nos testes até ao final de 2021.
“Por agora, a nossa mensagem tem de ser proteger o progresso da última década, continuando a dar prioridade aos testes de VIH” e realizar os tratamentos a quem necessita, afirma Hans Kluge, rematando: “não podemos permitir que a pandemia nos roube um futuro livre de SIDA que está ao nosso alcance”.
A OMS/Europa e o ECDC defendem que para reduzir o número de futuras infeções, a Europa tem de se concentrar em três domínios principais: medidas de prevenção, como sensibilização, promoção de sexo mais seguro, preservativos, fornecimento de programas de troca de agulhas e terapia de substituição de opióides e profilaxia pré-exposição para o VIH (PrEP)
Prestação de serviços eficientes de aconselhamento e teste ao VIH, incluindo serviços de diagnóstico rápido, testes de VIH baseados na comunidade e autotestes do VIH e um rápido acesso a tratamentos e cuidados de qualidade para os diagnosticados.
LUSA/HN
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