Rui Cernadas Assistente Graduado MGF

Ainda e por muito tempo… COVID!

12/12/2020

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Ainda e por muito tempo… COVID!

12/12/2020 | Opinião

A pandemia COVID-19 pelo impacto relativamente “selectivo” sobre os mais idosos pode vir, a curto prazo, a fazer sentir na Segurança Social efeitos no plano dos custos com reformas e despesas associadas, na Saúde inevitavelmente no cenário das práticas clínicas (em especial domiciliárias) e das perspectivas demográficas.

Veremos como as projecções se virão a comportar.

Todavia até ao aparecimento deste vírus, o aumento da esperança média de vida colocava o foco na prevalência das doenças crónicas.

No plano dos hospitais, como das instituições de acolhimento de idosos, o risco infeccioso foi sempre muito elevado. Isto associado às alterações – pela idade – das funções hepática, renal, cardíaca e vascular conjuga um quadro de enorme potencial de risco e de saúde pública.

Esta ideia conduz à necessidade de todos os profissionais de saúde ligados ao processo assistencial de idosos deverem estar mais atentos ao risco de infecção.

De resto viu-se como a questão das visitas de familiares nos lares foi e é significativamente impactante. Mas também se observou com clareza que esse esteve longe de ser o único vector de transmissão da infecção.

Por outro lado não podemos ignorar a outra face do tema. Refiro-me aos idosos que vivem de modo mais ou menos isolado, com graus de autonomia diversos e em condições socioeconómicas e de habitação igualmente distintos. É pois indispensável avaliar, apoiar, formar e motivar redes de cuidados domiciliários capazes de cobrir o território nacional.

Há que preparar os seus agentes e dotá-los de modelos organizativos de assistência clínica (auxiliares gerais, fisioterapeutas, enfermeiros, médicos e assistentes sociais) claramente articulados com o SNS. A rede nacional de cuidados primários deve integrar esta estratégia.

Serão necessários instrumentos e ferramentas tecnológicas que possam assegurar monitorizações básicas e contínuas, alertas de horários de administração de fármacos, controlos de adesão à terapêutica personalizada, pedido directo de apoio clínico ou de informação de sinais e sintomas específicos para controlo de doença crónica ou agudizações.

Provavelmente uma política de actividade domiciliária com envolvimento local de cuidadores informais, previamente treinados e com gente das autarquias locais, dos agrupamentos de centros de saúde e hospitais de referência, poderia à escala proporcionar redução de despesas, controlar afluxos indesejados aos serviços de urgência hospitalar e readmissões por internamento sempre de evitar.

E principalmente poderia levar a Segurança Social e o País a repensar como seria vantajoso prolongamento da permanência dos idosos nas suas habitações, em alternativa à institucionalização. O que nem seria original veja-se o modelo austríaco.

A obtenção de resultados a montante dos hospitais, melhorando de forma decisiva a qualidade de vida destes cidadãos – apenas mais velhos – seria uma excelente primeira linha na defesa do SNS e das capacidades assistenciais existentes e disponíveis em cenários pandémicos.

Desta ou da próxima pandemia…

Nota final:

Já depois de concluída esta reflexão, estalou a contenda entre a Ministra da Saúde e a Entidade Reguladora da Saúde. A pretexto da regulamentação de transferência de utentes entre estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde e, em especial, sobre condições de organização, coordenação e articulação. Episódio lamentável e que confirma que as entidades reguladoras são criadas mas enjeitadas, são tidas por necessárias, mas inconvenientes. E depois alarmam-se com as democracias em risco…

Mas pior do que isso, conclui-se que as questões médicas e as necessidades operativas em nome das boas práticas e ética, centradas no interesse de cada doente, são esquecidas face a devaneios políticos e derivas absolutistas.

 

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