Presidente da Comissão Europeia quer 27 a iniciar no mesmo dia vacinação

16 de Dezembro 2020

A presidente da Comissão Europeia exortou esta quarta-feira a União Europeia a iniciar “tão cedo quanto possível” uma campanha de vacinação contra a Covid-19, a arrancar em simultâneo nos 27 Estados-membros, para assegurar a erradicação do “vírus horrível”.

Num debate no Parlamento Europeu sobre a cimeira de líderes da UE da semana passada, Ursula von der Leyen, sublinhou que “ninguém deve pensar que está a salvo [da pandemia], não quando mais de três mil europeus morrem de Covid-19 a cada dia”, mas apontou que “finalmente há boas notícias”, com o desenvolvimento de vacinas, sendo que a primeira deverá ser aprovada já no início da próxima semana.

Reiterando que “a Comissão Europeia negociou a mais ampla carteira de candidatas a vacinas”, nada menos que seis, Von der Leyen apontou que a primeira vacina deverá ser autorizada já dentro de poucos dias, depois de a Agência Europeia do Medicamento (EMA) ter anunciado na véspera que antecipou a reunião para tomar uma decisão sobre a vacina Pfizer-BioNTech para 21 de dezembro, uma semana mais cedo que o previsto.

“A vacinação pode assim começar imediatamente, e outras [vacinas] seguir-se-ão no Ano Novo. E, no total, comprámos doses mais que suficientes para toda a gente na Europa, e ainda estaremos em condições de apoiar os nossos vizinhos e parceiros no mundo, para que ninguém fique para trás”, afirmou a presidente do executivo comunitário.

Von der Leyen ressalvou que, “para chegar ao fim da pandemia, é, no entanto, necessário que 70% da população vacinada”, o que admitiu ser uma “missão gigantesca”.

“Por isso, comecemos tão cedo quanto possível a vacinação, juntos, a 27, a começar no mesmo dia. Iniciemos a erradicação deste vírus horrível juntos e unidos”, disse.

No Conselho Europeu de quinta e sexta-feira da semana passada, também o primeiro-ministro, António Costa, apelou a que todos os Estados-membros da União Europeia iniciem as campanhas de vacinação simultaneamente, para assegurar uma imunidade de grupo “à escala da UE”.

“Sugeri efetivamente que pudéssemos tentar coordenar o esforço para que arrancássemos todos no mesmo dia com o processo de vacinação. Para termos imunidade de grupo à escala da UE, não basta que um país alcance essa imunidade de grupo, é um esforço que tem de ser realizado simultaneamente em todos os Estados, e a melhor forma de todos o fazermos de uma forma coordenada é podermos arrancar todos ao mesmo tempo”, defendeu.

A Comissão Europeia já assinou contratos com as companhias de vacinas AstraZeneca (300 milhões de doses), Sanofi-GSK (300 milhões), Johnson & Johnson (200 milhões), BioNTech e Pfizer (300 milhões), CureVac (405 milhões) e Moderna (160 milhões).

Na conferência de imprensa no final do Conselho Europeu, Von der Leyen adiantou que a EMA deverá dar o seu parecer sobre a vacina da Moderna em meados de janeiro, continuando a ser estudada a de Oxford e AstraZeneca.

Na terça-feira, o subdiretor-geral da Saúde, comentando a antecipação da decisão da Agência Europeia do Medicamento sobre a vacina da Pfizer-BioNTech para 21 de dezembro, assegurou que o plano de vacinação contra a Covid-19 “é adaptável às circunstâncias”.

“Se esse facto acontecer, estaremos a pensar numa antecipação de oito dias em relação à vacinação e todo o esforço deve ser feito para que todas as questões logísticas sejam antecipadas em oito dias”, disse Rui Portugal na conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a evolução da pandemia.

O debate de hoje no Parlamento Europeu teve lugar no mesmo dia em que a assembleia aprovou o pacote de 47.500 milhões de euros de fundos estruturais concebido para ajudar os Estados-membros a financiar as medidas que mitiguem os efeitos imediatos da pandemia nas regiões mais afetados, o chamado «React-EU», parte da resposta europeia à crise da Covid-19.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.621.397 mortos resultantes de mais de 72,7 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 5.733 pessoas dos 353.576 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Na Europa, o maior número de vítimas mortais regista-se na Itália (65.857 mortos, mais de 1,8 milhões de casos), seguindo-se Reino Unido (64.908 mortos, mais de 1,8 milhões de casos), França (59.079 mortos, mais de 2,3 milhões de casos) e Espanha (48.401 mortos, mais de 1,7 milhões de casos).

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Brasil declarado livre de febre aftosa sem vacinação

O Brasil, maior produtor e exportador mundial de carne bovina, foi declarado livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), anunciou hoje a associação patronal brasileira do setor.

Informação HealthNews: Ana Paula Martins será reconduzida no cargo

De acordo com diferentes fontes contactada pelo Healthnews, Ana Paula Martinis será reconduzida no cargo de Ministra da Saúde do XXV Governo constitucional, numa decisão que terá sido acolhida após discussão sobre se era comportável a manutenção da atual ministra no cargo, nos órgão internos da AD. Na corrida ao cargo, para além de Ana Paula Martins estava Ana Povo, atual Secretária de Estado da Saúde, que muitos consideravam ser a melhor opção de continuidade e Eurico Castro Alves, secretário de estado da Saúde do XX Governo Constitucional.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights