As primeiras 9.750 doses devem ser entregues pela própria farmacêutica em Portugal até 27 de dezembro, data em que Marta Temido anunciou querer começar a primeira fase de ‘vacinação orgânica’, isto é, aplicada por profissionais de saúde a profissionais de saúde no próprio local de trabalho. Por isso mesmo, a norma de vacinação é divulgada pela DGS esta sexta-feira e a formação aos profissionais de saúde tem início no sábado.
Em janeiro devem chegar outras 303.225 doses de vacina que serão distribuídas entre os profissionais de saúde e internados em unidades de cuidados continuados, e profissionais e residentes em lares.
O primeiro grupo da primeira fase de vacinação é, segundo o governo, estimado em cerca de 250.000 pessoas, pelo que serão necessárias 500.000 doses de vacinas da Pfizer que devem ser entregues até fevereiro – mês para o qual se esperam 429.000 unidades desta vacina e está também prevista a primeira entrega de 700.000 unidades de vacinas da Astrazeneca, muito mais fácil de armazenar e administrada em apenas uma dose. Todos os grupos acima citados devem estar vacinados até ao final de março.
Seguem-se 300.000 profissionais de saúde envolvidos na prestação de cuidados a doentes, profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos; e 400.000 pessoas com comorbilidades como insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal e DPOC ou doença respiratória crónica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração, embora a task-force admita rever e acrescentar patologias à lista. Ao contrário do primeiro grupo, que é vacinado no local de trabalho, a estas pessoas a vacina deve chegar por meio de equipas móveis.
Estas pessoas são as que o estado espera começar a vacinar em fevereiro, mas não sabe ainda quando vão chegar a Portugal doses suficientes para todos. Quanto à segunda e terceira fase de vacinação, essas são uma incógnita.
Ao todo está prevista a entrega de 62 caixas de vacinas. Cinquenta e oito serão entregue em Portugal Continental e duas a cada região autónoma. O critério deixa um número de doses per capita ligeiramente superior nas regiões autónomas, mas isso deve-se à maneira como a vacina vem acondicionada, não podendo as caixas ser divididas antes de serem abertas para a aplicação.
É, contudo, importante relembrar que não existe ainda qualquer vacina aprovada pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) ou pelo Comitê de Medicamentos para Uso Humano (CHMP), embora o Governo espere ver a situação da primeira vacina – a da Pfizer – regulada até ao dia 23 de janeiro.
Vacinação agendada por SMS
O grande desafio logístico, para além da preservação da vacina, é faze-la chegar a todos os interessados. Por isso mesmo, o Governo decidiu que a segunda e terceira fases do processo serão levadas a cabo nos hospitais e centros de saúde, e que as pessoas poderão confirmar o seu interesse respondendo apenas “SIM” ou “NÃO” a um par de mensagens enviadas para os seus telemóveis.
A primeira mensagem procura aferir o interesse na vacina, já que esta é voluntária. Caso responda “SIM”, o agendamento é efetivado e receberá uma proposta de data e hora, com a indicação do local. Caso a resposta seja “NÃO” ou não haja resposta, o utente não será convocado para a vacinação, embora a task-force admita confirmar a decisão de quem não responda à SMS.
A listagem de utentes, juntamente com o seu contato telefónico, será fornecida pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) aos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) que divulgarão a seu tempo quais as unidades de saúde que vão poder administrar a vacina já que isso depende, entre outros fatores, dos calendários de entrega das farmacêuticas e do ritmo de produção das mesmas.
Dor de cabeça chamada BNT162b2
A BNT162b2, o nome técnico da vacina da Pfizer (a única com data prevista de chegada a Portugal), é um verdadeiro pesadelo no que toca ao seu transporte e administração. Para além de ter de ser aplicada em duas doses, esta sensível vacina tem que ser conservada a -80°C com uma validade máxima de seis meses.
Entregue pela própria farmacêutica em Portugal Continental, Madeira e Açores, cada uma das 62 caixas com entrega agendada para Portugal tráz 4.875 doses. Antes de serem aplicadas, as vacinas têm que ser descongeladas a uma temperatura entre os 2°C e os 8°C (temperatura de um frigorífico comum), podendo aguentar até 5 dias nestas condições.
Uma vez descongeladas e prontas a aplicar, cada dose aguenta apenas 30 minutos a uma temperatura ambiente máxima de 25°C.
No que diz respeito ao transporte entre o armazém central e o local de administração, a vacina pode circular um máximo de 30 dias, desde que devidamente acomodada e se proceda à substituição do gelo seco nas embalagens a cada cinco dias.
Esta é a vacina com um método de conservação menos comum entre as das cinco farmacêuticas que a União Europeia pretende adquirir. A task-force admite também não receber qualquer dose proveniente da SANOFI-GSK devido aos resultados insuficientes divulgados em idosos durante os estudos de fase intermediária I /II que estão a ser realizados.
As outras vacinas
Ao que tudo indica, a mRNA-1273 da Moderna deve ser a segunda vacina a ser aprovada na União Europeia, algo que está previsto para meados de janeiro, já que o parecer da CHMP e da EMA deve ser conhecido a 12 de janeiro. Resta depois a Autorização de Introdução no Mercado Condicional (AIMc), que deverá chegar poucos dias depois.
Ainda sem datas de entrega, Portugal espera receber 227.000 doses desta vacina até ao final do primeiro trimestre.
A única outra vacina com previsão de entrega em Portugal é AZD 1222, da AstraZeneca, que a task-force admite receber já em janeiro, embora dependa da data da AIMc. Ao longo do primeiro trimestre a task-force espera receber 1.400.000 doses.
João Marques
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