Jovens estão desapontados com os políticos e estereótipos dos media

4 de Janeiro 2021

Um estudo internacional intitulado “To Lockdown and back: young people’s lived experience of the Covid-19 pandemic” refere que as perspetivas dos jovens na resposta à Covid-19 estão a ser ensombradas por narrativas negativas de “vítima ou vilão”.  Os decisores políticos não estão a aproveitar o potencial dos jovens para ajudar a moldar as respostas à […]

Um estudo internacional intitulado “To Lockdown and back: young people’s lived experience of the Covid-19 pandemic” refere que as perspetivas dos jovens na resposta à Covid-19 estão a ser ensombradas por narrativas negativas de “vítima ou vilão”. 

Os decisores políticos não estão a aproveitar o potencial dos jovens para ajudar a moldar as respostas à pandemia, é a perspetiva de jovens de sete países, com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos, sobre o impacto da primeira vaga de Covid-19. 

O estudo conta com o contributo do Prof. Barry Percy-Smith, da Universidade de Huddersfield, no Reino Unido, e da investigadora Leanne Monchuk. Constitui o relatório inicial do projeto “Crescer sob a Covid-19”, que se desenvolve ao longo de 18 meses. 

Financiado pela Fundação Nuffield e conduzido pelo instituto de investigação independente “Ecorys”, o estudo analisa a forma como os jovens vivem a crise e mostra como promover os seus direitos e bem-estar durante e após a pandemia. 

Para além de argumentar que as suas experiências poderiam conduzir a abordagens mais inclusivas e democráticas da Covid-19, o relatório mostra que os direitos dos jovens foram marginalizados pela falta de acesso à educação de qualidade, cuidados de saúde e outros serviços. 

O estudo internacional afirma que os discursos políticos, públicos e mediáticos apresentam os jovens como “vítimas” de estratégias educativas erradas ou “vilões” que quebram as regras. No entanto, são ignorados nas decisões sobre a forma como gerir a pandemia. 

O Prof. Barry Percy-Smith, que dirige o Centro de Investigação Aplicada à Infância, Juventude e Família da Universidade de Huddersfield, afirma que a instituição está empenhada em produzir investigação relevante para a vida dos jovens e das famílias. 

“Tantas vezes as mensagens das investigações são relatadas aos decisores políticos na esperança de que estes as ouçam e respondam! Mas o que acontece quando os políticos não ouvem o que os jovens dizem?” questiona. 

“Neste relatório, com as suas observações e comentários perspicazes, os jovens estão a dizer-nos que, muitas vezes, os políticos e os funcionários públicos não agem no melhor interesse das crianças e dos jovens”. 

“Este é realmente o momento de começarmos a levar os jovens a sério, a ouvir o que nos dizem, a valorizar as suas contribuições e a apoiar o seu envolvimento como uma força de mudança. Este relatório e esta investigação visam contribuir para esse objetivo”, acrescentou. 

A investigação envolveu 70 jovens de Inglaterra, País de Gales, Escócia, Irlanda do Norte, Itália, Singapura e Líbano. Embora houvesse diferenças, os jovens partilhavam uma frustração comum em relação aos meios de comunicação social por apelidarem os mais jovens de “irresponsáveis”, em contraste com os exemplos de pessoas que abraçavam o voluntariado ou uma maior responsabilidade familiar. 

Havia preocupações significativas sobre a forma como os políticos ignoravam os jovens e também pela falta de oportunidade para falarem sobre as suas experiências em estratégias estabelecidas pelas escolas ou pelos serviços locais. 

O relatório também revela o impacto polarizador da Covid-19. Enquanto alguns adolescentes referem momentos de auto-reflexão e resiliência, outros lutaram com a falta de serviços de apoio. Por outro lado, o estudo aponta claramente para a necessidade de uma estratégia holística na gestão de emergências de saúde pública global. 

O relatório sugere que o governo e as autoridades públicas devem melhorar a representação dos jovens em plataformas participativas. Além disso, desafia as escolas, organizações juvenis e prestadores de serviços, a reverem as oportunidades destinadas a envolver os jovens na tomada de decisões. 

O relatório salienta ainda a importância de os meios de comunicação social eliminarem estereótipos negativos e insta-os a mostrar uma imagem equilibrada dos jovens durante a pandemia. 

Para a Primavera e Outono de 2021 estão previstos outros dois relatórios. Ao longo do ano, serão divulgados contributos e comunicações adicionais de jovens.

 

https://www.hud.ac.uk/news/2020/November/to-Lockdown-and-back-growing-up-under-covid19/

Informação bibliográfica completa:

To Lockdown and back: Young people’s lived experiences of the COVID-19 pandemic, https://www.guc19.com/pdf/resource-bank/to-lockdown-and-back-research-report.pdf, Research report – November 2020, Nuffield Foundation project WEL/FR-000022571, Laurie Day – Ecorys

Barry Percy-Smith – University of Huddersfield, Sara Rizzo – Ecorys, Leanne Monchuk – University of Huddersfield, Amy Dwyer – Ecorys.

 

NR/AG/Adelaide Oliveira

 

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