A presidente da associação, Cristina Sousa, explicou à agência Lusa que a entrega deste material ou verbas dirigidas para esse fim devia ser feita pela DGS, ao abrigo do Programa Nacional para a infeção VIH/SIDA, que financia “uma série de projetos da Abraço, nomeadamente o apoio domiciliário, o lar residencial e os centros de rastreio que estão espalhados pelo país”.
Segundo Cristina Sousa, a entrega dos equipamentos de proteção individual (EPI) estava prevista acontecer deste o início da pandemia em março, mas ainda não ocorreu.
“Isto implica que a Abraço tenha que comprar EPI para os funcionários, implica que a Abraço nem sempre utilize os EPI adequados”, disse, exemplificando que os funcionários deviam utilizar uma máscara P2, mas em vez disso usam uma máscara cirúrgica.
Cristina Sousa adiantou que para a associação não gastar tanto dinheiro, “que não tem”, solicita donativos em EPI a empresas, mas não sabe se são os mais seguros.
“Sentimos que somos um bocadinho esquecidos porque os projetos financiados pela Segurança Social, através de acordos, têm financiamento e conseguiram garantir estes equipamentos em lares e nos seus projetos, o SICAD, na área da toxicodependência, também garantiu linhas de financiamento e para nós não foi encontrada nenhuma alternativa”, lamentou.
Segundo a responsável, a não entrega deste equipamento por parte da DGS, além de colocar em risco profissionais e utentes, obrigou a Abraço a ajustar o seu orçamento para adquirir, de forma regular, os equipamentos para as diferentes equipas de trabalho, que todos os dias permitem dar resposta às diferentes necessidades dos pacientes VIH/sida.
“A situação agrava-se num ano em que a própria associação, devido à situação pandémica, viu reduzidas as suas fontes de rendimento, uma vez que ficou impedida de realizar eventos, como é o caso da conhecida Gala Abraço, que acontece todos os anos, no dia 01 de dezembro”, refere a associação.
“Sabendo nós que a pandemia está para durar a resposta é tardia, mas se não vem rapidamente vai ser muito complicado para nós”, disse Cristina Sousa, adiantando que o lar da Abraço tem oito pessoas e acompanham cerca de 120 pessoas diariamente em apoio domiciliário no Porto e em Lisboa.
De acordo com a presidente da associação, a resposta que chega à Abraço é para esperar. “Dizem-nos que estão a tentar fazer pressão no sentido de comprarem os EPI e nos fazerem chegar”.
“É muito complicado. Não compramos material suficiente porque acreditamos que vai chegar e depois estamos sempre a comprar material a preço muito superior”, lamentou.
LUSA/HN
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