“Esta é uma pausa letiva para todos, este ziguezaguear para fazer diferente é o que nos tem causado problemas. Reitero que todas as atividades letivas estão encerradas”
A afirmação é de Tiago Brandão Rodrigues, Ministro da Educação, no passado dia 21, quando confrontado com a intenção das escolas privadas de prosseguirem com ensino à distância, após o Governo ter anunciado a 21 de janeiro a suspensão de todas as atividades letivas por quinze dias, voltando atrás na decisão, anunciada três dias antes, de que as escolas iriam continuar a funcionar em ensino presencial.
Se o ridículo matasse, não estaria eu a escrevinhar estas linhas, mas no caso em apreço não matou e Tiago Brandão Rodrigues não caiu fulminado por um raio divino.
Manteve-se no cargo e insistiu na asneira. Até que a probabilidade de que o disparate começasse a ameaçar o já muito instável relacionamento institucional ente órgãos de soberania, obrigasse o Primeiro Ministro a vir a público afirmar: O ministro da Educação não disse que era proibido o ensino online” e a reformular a mensagem do servente: “O ministro da Educação disse coisa diferente: nós fizemos uma interrupção letiva para compensar nas interrupções letivas seguintes. Agora, se durante esta interrupção letiva quiserem ter qualquer medida de apoio, qualquer trabalho com os alunos, podem ter”. Terminaria, enfático: “ninguém proibiu ninguém de ter ensino online”.
Desta forma conseguiu, pensa ele, apagar as explicações complementares sobre a medida, dadas no mesmo dia pelo seu ministro e gravadas pela comunicação social. Disse então o procto-bolchevique: “Tenho muito respeito pelo ensino particular e cooperativo, mas [essas instituições] não são as nossas universidades e o nosso ensino politécnico com o grau de autonomia que têm. Este ziguezaguear, não digo oportunismo, mas espreitar sempre à exceção ou tentar fazer diferente é o que nos tem causado tantos problemas.” E clarificava, para extinguir possíveis dúvidas: “O cumprimento das regras é algo que deve acontecer. Todas as atividades letivas estão interrompidas durante este período. Isso é muito claro”.
Pois. É pelo menos nisso que ele acredita. Já a maioria de nós acredita convictamente que deveria ter ido de imediato porta (ou janela) fora.
O problema é que se asneira matasse ministros, há mais de um ano que não tínhamos Governo.
E assim lá teremos que o aturar mais algum tempo. Quem sabe o raio cai mesmo e nos alivia.
MMM
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