Irá o “Zoomshock” acabar com os centros de negócio das cidades?

1 de Fevereiro 2021

A longo prazo, a migração da atividade económica para fora dos centros de negócio, à medida que o trabalho a partir de casa se torna o “novo normal”, pode ter enormes consequências para o futuro das nossas vilas e cidades.

Um trabalho de investigação efetuado pela Universidade de Sheffield e publicado no “Covid Economics: A Real-Time Journal”, mostra que o aumento do número de indivíduos em teletrabalho e a transferência do fluxo de pessoas das áreas urbanas de alta densidade, como os centros das cidades, para os subúrbios residenciais de baixa densidade, pode constituir um desafio em termos do fornecimento de bens e serviços.

Jesse Matheson, do Departamento de Economia da Universidade de Sheffield, refere que “a pandemia mantém-se há mais tempo do que alguma vez esperámos. Começamos a habituar-nos a imagens de ruas quase desertas nos noticiários, refletindo a diminuição da procura dos consumidores nas zonas tradicionalmente mais comerciais das cidades. Em compensação, esse tipo de serviços está agora a registar um aumento sem precedentes da procura nas áreas residenciais, onde começam a surgir novas empresas, mesmo com a pandemia”.

“Compreender esta mudança geográfica substancial da atividade económica nos nossos bairros – o “Zoomshock”, como lhe chamamos – dá-nos a possibilidade de identificar as empresas locais mais afetadas e aquelas que poderão sobreviver à atual crise de saúde pública”, explica Jesse Matheson.

A integração deste trabalho de investigação no plano político “ajudará as autoridades locais a apoiar as empresas e serviços a resistirem à tempestade e  recuperarem da pandemia de Covid-19. Também poderá contribuir para identificar serviços essenciais que ainda não existem nas zonas residenciais ou mesmo considerar novas formas de utilização do espaço do centro das cidades”.

“Poderíamos estar, potencialmente, a olhar para um futuro em que os nossos centros urbanos e parques empresariais não voltem a ter o mesmo número de pessoas depois da pandemia. Se isso acontecer, é lógico que algumas empresas que tradicionalmente dependem desse movimento de trabalhadores da periferia para os centros urbanos, serão incapazes de sobreviver”.

“Contudo, não podemos deixar que todas as empresas e serviços das áreas urbanas abram falência. Os dados que recolhemos poderão ajudar as autoridades locais a planear o futuro dos espaços urbanos dedicados às empresas, e adotar uma abordagem local com a criação de fundos de recuperação e assistência para as áreas consideradas críticas”.

Como a centralização é a forma mais eficiente de proporcionar o acesso ao fornecimento de bens e serviços, Jesse Matheson considera que, a longo prazo, as nossas cidades e vilas vão voltar a atrair empresas e serviços para os centros e parques empresariais. Mas ainda pode demorar alguns anos até que as ruas das cidades voltem a ter o movimento e a vida que conhecíamos.

https://www.sheffield.ac.uk/news/will-covid-19-kill-high-street-once-and-all

AlphaGalileo/HN/Adelaide Oliveira

 

 

 

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