Queixas meses após infeção por Covid-19 preocupam médicos

22 de Fevereiro 2021

Preocupados com os problemas de saúde que surgem após a infeção por Covid-19, médicos alertam para a necessidade de avaliação médica precoce e acompanhamento das pessoas que estiveram infetadas e já se encontram sem risco de contágio.

“Para além do que os estudos nos começam a revelar sobre pessoas que após COVID-19 enfrentam taxas elevadas de disfunção de múltiplos órgãos, como os pulmões, o coração, o cérebro, o fígado e os rins, é inegável o que vamos aprendendo pela experiência clínica”, diz Ângela de Campos Gonçalves, especialista em Medicina Geral e Familiar na CUF, citada em comunicado, alertando também que “ao longo destes meses torna-se cada vez mais evidente que os doentes que recuperam da COVID-19 tendem a precisar de cuidados de saúde”.

“Temos percebido que há pessoas que após terem COVID-19 ficam não só com um quadro de fadiga pela própria infeção, mas que ao realizarmos exames complementares de diagnóstico evidenciam mazelas – seja, por exemplo, o agravamento de alguma patologia prévia ou algum défice ao nível da função cardiorrespiratória, devendo ser vigiados e acompanhados no sentido de evitar que se tornem sequelas permanentes”, explica a médica da CUF.

Também citado em comunicado, Michele De Santis, pneumologista na CUF, esclarece: “Estima-se que mais de 50% dos indivíduos após a infeção possam manter algum tipo de queixa, sendo os sintomas mais comuns cansaço, dor crónica, dores musculares e falta de ar. Nalgumas situações estes sintomas podem apresentar-se de forma intensa ao ponto de gerar incapacidade, impactar a qualidade de vida e a reinserção social e profissional”.

Atendendo a esta necessidade de avaliação e acompanhamento, a CUF disponibiliza agora, em várias unidades de norte a sul do país, a Consulta Pós COVID-19, que pode ser feita presencialmente ou por teleconsulta e cujo objetivo é identificar precocemente se há sequelas que podem ser alvo de reabilitação para se conseguir uma recuperação total, independentemente da intensidade da doença apresentada inicialmente.

Ângela de Campos Gonçalves recomenda que “a altura ideal para avaliação de potenciais impactos e necessidades de tratamento ou reabilitação” é entre “6 a 8 semanas após a infeção aguda”. Ainda segundo a médica, através da avaliação de cada pessoa, “pode ser identificada a necessidade de realizar exames complementares de diagnóstico, cujos resultados podem justificar uma abordagem multidisciplinar, motivando, por exemplo, a referenciação para consulta de pneumologia, cardiologia, medicina física e reabilitação, otorrinolaringologia, psiquiatria ou neurologia”.

Em jeito de manifesto pela necessidade de avaliar precocemente as pessoas que já tiveram Covid-19, Michele De Santis, a quem foram referenciados vários doentes na sequência da Consulta Pós COVID-19 da CUF, considera importante “não adiar a procura de resposta clínica, não só nos casos em que não haja uma recuperação total, como também nos casos em que não existam sintomas aparentes após a infeção”.

PR/HN/RA

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