“Entendemos que era preciso fazer o mesmo ao nível dos cuidados de saúde primários e o Orçamento do Estado para 2021 tem uma norma que abrange esta área, foi regulamentada e irá entrar em vigor no próximo mês”, disse Marta Temido em entrevista à agência Lusa, a propósito do anúncio dos dois primeiros casos relacionados com a pandemia de Covid-19 em Portugal, em 02 de março do ano passado.
Marta Temido explicou que este estímulo servirá para aumentar a atividade nos Cuidados de Saúde Primários (CSP), em horários alargados e, portanto, fora do horário normal de trabalho.
“E para quê? Exatamente para permitir mais acesso porque, de facto, estamos a notar obviamente que há menos referenciações hospitalares”, afirmou a ministra, reconhecendo que vai demorar muito para recuperar das consequências da Covid-19 “ao nível social, ao nível económico e, também, ao nível dos outros cuidados de saúde”.
Marta Temido lembrou que, apesar de tudo, as consultas nos CSP aumentaram no ano passado, um crescimento suportado sobretudo no reforço das consultas não presenciais.
“Apesar de o ano de 2020 ter sido um ano como todos conhecemos, aumentaram o número de consultas médicas em 2020 face a 2019 [nos CSP]. É certo que isso foi conseguido também à custa da atividade não presencial, mas de qualquer forma houve mais um milhão de consultas médicas realizadas”, afirmou.
Segundo os dados do Portal da Transparência do Ministério da Saúde, nos CSP as consultas presenciais caíram a pique por causa da pandemia, pois houve menos 7,8 milhões. Mas este valor foi compensado por um duplicar de consultas não presenciais, que passaram de 9,1 milhões em 2019 para 18,5 milhões no ano passado.
No que se refere ao mês de janeiro deste ano, foram realizadas mais de um milhão de consultas presenciais nos centros de saúde, valor substancialmente inferior ao registado no mês homólogo (1,9 milhões), e 2,3 milhões de consultas não presenciais, quase três vezes mais do que em janeiro de 2020 (872 mil).
A Covid-19 também afetou as consultas ao domicílio nos CSP, que em 2020 foram menos 282 mil do que no ano anterior.
Ainda nos CSP, a ministra disse também que noutras áreas, que não na área médica, se notou uma menor utilização, como, por exemplo, nas consultas de enfermagem e as consultas de outros técnicos.
“Por força da necessidade de colocar esses técnicos em outras atividades, como testes, rastreios e vacinação, essas linhas de atividade tiveram e permanecem com reduções”, afirmou.
LUSA/HN
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