Em declarações à Lusa, o coordenador da área Covid-19 do Hospital de Braga, Alexandre Carvalho, disse que o dia “mais complicado” foi 01 de fevereiro, com um total de 189 doentes internados.
“Chegámos a ter cinco enfermarias completamente dedicadas à covid”, refere Alexandre Carvalho, num balanço do primeiro ano de epidemia no Hospital de Braga.
Atualmente, as coisas estão “bem mais calmas”, com 18 doentes em enfermaria e 22 em cuidados intensivos, até por força do confinamento imposto pelo Governo.
No entanto, Alexandre Carvalho apela a que não se baixe a guarda e a que o desconfinamento seja feito de forma planeada, com critérios “transparentes e claros”, para evitar surpresas desagradáveis.
“Penso que o mês de abril será uma prova de fogo”, referiu.
No dia 04 de março de 2020, deu entrada no Hospital de Braga o primeiro caso suspeito de Covid-19, uma mulher que dias depois viria ter resultado positivo para a infeção pelo novo coronavírus.
A partir daí, o número de entradas foi crescendo até maio, mês em que se começou a registar uma significativa acalmia.
Com a chegada do outono, o Hospital de Braga viveu um dos momentos críticos, fruto dos surtos registados na região Norte, sobretudo na zona do Tâmega e Sousa.
Outra subida “muito acentuada” registou-se em janeiro deste ano, tendo nessa altura o Hospital de Braga recebido doentes também do Hospital Amadora-Sintra.
“Na primeira fase, foi mais fácil acudir à covid-19, porque tínhamos mais gente disponível, uma vez que a restante atividade do hospital sofreu uma considerável quebra. Na segunda, o hospital manteve a atividade não covid, o que exigiu muito mais de todos nós”, disse Alexandre Carvalho.
Pelo meio, na retina daquele responsável ficaram casos como o de uma mulher de 100 anos, que, após um internamento de cerca de 15 dias, saiu do hospital “toda contente”, livre da Covid.
Alexandre Carvalho lembra ainda o caso de um homem na casa dos 50 anos que deu entrada no hospital com Covid-19 e, pouco depois, começou a piorar e teve de ir para os cuidados intensivos.
“Tive de ir falar com ele, dizer-lhe que tinha de ir para os cuidados intensivos. Ficou em pânico, nem conseguia piscar os olhos. Mas em três dias recuperou e voltou para a enfermaria. Já vinha com uma expressão de alívio, de quem pensava que ia para o inferno mas que, afinal, regressou ao paraíso. Foi quase como um renascimento, uma ressuscitação”, referiu, confessando que este foi um episódio que o marcou.
Dos 1.737 doentes Covid-19 que já passaram pelo Hospital de Braga, 207 estiveram em cuidados intensivos.
O hospital realizou 83.930 testes a um total de 48.520 pessoas.
Lusa/HN
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