A iniciativa E-2025, lançada hoje em antecipação ao Dia Mundial da Malária, que se assinala domingo, identificou um grupo de 25 países com potencial para erradicar a malária dentro de cinco anos.
Para este novo programa, transitaram automaticamente os 17 países que apesar de terem atingido a meta de zero casos locais de paludismo no âmbito da iniciativa E-2020 ainda não foram certificados pela OMS como “Malaria Free”.
A estes juntaram-se oito novos países – São Tomé e Príncipe, Vanuatu, Tailândia, Coreia do Norte, Honduras, República Dominicana, Guatemala e Panamá – que registaram menos de 3 mil casos em 2019 ou menos de 5 mil casos e redução de infeções em pelo menos quatro anos entre 2015 e 2019.
Estes países receberão apoio especializado e orientação técnica para atingir o objetivo de zero casos de transmissão local de malária.
De acordo com as autoridades de saúde são-tomenses, desde 2014, foram registados, em média, entre 290 e 300 casos de malária por ano.
Através da E-2020, lançada em 2017, a OMS apoiou 21 países, incluindo os lusófonos Cabo Verde e Timor-Leste, nos seus esforços para atingir a meta de zero casos locais de malária, uma meta alcançada por oito países: Cabo Verde, Argélia, Belize, China, El Salvador, República Islâmica do Irão, Malásia e Paraguai.
Apesar de ter atingido a meta de zero casos de transmissão local desde 2018, Cabo Verde não recebeu ainda a certificação de país livre de malária, transitando para o novo grupo de 25 países, tal como Timor-Leste, que em 2020 registou um caso local de paludismo.
A OMS concede esta certificação quando um país consegue interromper a transmissão dos casos locais de paludismo em todo o território durante pelo menos três anos consecutivos, devendo demonstrar a capacidade de impedir o restabelecimento da transmissão.
Até 2015, Cabo Verde tinha reduzido a transmissão da malária local para apenas sete casos. Contudo, casos importados levaram a um surto em 2017, quando o país registou 423 infeções locais na Cidade da Praia, na ilha de Santiago.
Em janeiro de 2021, após três anos consecutivos de zero casos indígenas, Cabo Verde tornou-se elegível para solicitar a certificação da OMS para a eliminação da malária, aguardando essa certificação.
Em 2019, a Argélia tornou-se o terceiro país da África a ser oficialmente certificado como livre de paludismo pela OMS, depois das Maurícias (1973) e de Marrocos (2010).
A nova iniciativa para parar a transmissão da doença nos próximos cinco anos foi lançada durante um fórum virtual, que contou com a participação de responsáveis nacionais, trabalhadores da saúde e parceiros mundiais, além de líderes da OMS.
Durante a iniciativa, a diretora da OMS para África, Matshidiso Moeti, sinalizou o “longo caminho” que há ainda a percorrer para a eliminação da doença no continente, apesar dos progressos alcançados em alguns dos países da iniciativa E-2020.
“Não atingimos as metas de 2020. Embora os novos casos se tenham reduzido mais de 9% entre 2000 e 2015, nos últimos cinco anos, o progresso estagnou, com a incidência de casos a reduzir-se menos de 2 por cento”, disse.
Moeti defendeu que “é preciso fazer mais”, promovendo a distribuição universal de redes mosquiteiras e o acesso a medicamentos antimaláricos às populações dos 87 países onde ainda há registos de casos de malária.
“Estamos a trabalhar com os países para identificar as razões da estagnação dos progressos para podermos regressarmos ao bom caminho”, disse, defendendo que é preciso deixar de “ver a malária apenas como um problema de saúde e passar a encarar a doença como uma ameaça ao desenvolvimento sócio económico”.
Apesar disso, a diretora da OMS adiantou que, nos últimos 20 anos, mais de 1,2 mil milhões de casos de malária e 7,1 milhões de mortes foram evitados em África, continente que concentra mais de 94% de todos os casos e mortes causadas pela doença.
Em 2019, o número de novas infeções por malária rondaram os 229 milhões, um número relativamente estável ao longo dos últimos quatro anos.
Desde 2018, as mortes estagnaram em cerca de 400.000 pessoas por ano, das quais mais de 265.000 são crianças.
LUSA/HN
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