Cabo Verde vai receber vacinas contra a Covid-19 da União Europeia

3 de Maio 2021

A embaixadora da União Europeia (UE) na Praia admitiu, em entrevista à Lusa, que o bloco comunitário deverá ceder a Cabo Verde doses de vacinas contra a Covid-19, no âmbito da parceria especial com o arquipélago.

De acordo com a informação prestada pela diplomata Sofia Moreira de Sousa, a UE é uma das principais financiadoras do mecanismo Covax, iniciativa fundada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que visa garantir uma vacinação equitativa contra o novo coronavírus.

Através dessa plataforma, Cabo Verde recebeu 24.000 doses da vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca em 12 de março e 5.850 da Pfizer dois dias depois, com o plano de vacinação nacional a iniciar-se em 19 de março, assumindo o Governo a meta de vacinar 70% da população até final do ano.

Sofia Moreira de Sousa recordou que o processo de vacinação está ainda a desenrolar-se na UE, que contratualizou a compra de vacinas em bloco para todos os Estados-membros, embora com os conhecidos atrasos nas entregas por parte das farmacêuticas.

“Mas as quantidades compradas são superiores às quantidades que eventualmente serão necessárias para os países europeus e há um entendimento que haverá também uma percentagem dessas vacinas que serão colocadas à disposição dos países da vizinhança da UE e alguns países no continente africano”, referiu.

E Cabo Verde, “pela relação especial, pela parceria especial” estabelecida em 2007, “é um dos países que seguramente irá beneficiar também, numa fase posterior, de algumas destas vacinas”, afirmou a embaixadora, admitindo que ainda é cedo para avançar com prazos.

As doses de vacinas até agora recebidas em Cabo Verde inserem-se num total de 108 mil a fornecer ao abrigo da Covax.

Contudo, segundo Sofia Moreira de Sousa, o entendimento da UE é que sendo este um “problema global” não se resolve “vacinando um cantinho do planeta sem vacinar o planeta inteiro”, daí a aposta no mecanismo Covax, disponibilizando 2.000 milhões de euros para permitir a distribuição de milhões de doses vacinas contra a Covid-19 a 92 países de rendimento médio e rendimento médio baixo e baixo.

“Cabo Verde já recebeu duas remessas destas vacinas, seguramente irá receber ainda mais. Temos indicações que mais estarão a caminho e, portanto, pelo menos permite vacinar 20% da população”, destacou.

A diplomata elogiou as medidas tomadas em Cabo Verde desde fevereiro de 2020, para lidar com a pandemia e conter a transmissão da Covid-19, que permitiram também a aquisição de material e de equipamento médico, bem como “melhorar a preparação dos estabelecimentos hospitalares”, além das medidas económicas e sociais.

No início da pandemia, o apoio do bloco comunitário, destacou a embaixadora, foi imediato: “De forma extraordinária fomos a primeira missão da UE no mundo inteiro a desembolsar de imediato apoio orçamental, isto para poder apoiar as medidas desenhadas pelas autoridades nacionais para mitigar as consequências sócio-económicas da pandemia”.

“Estamos a falar de mais de 17 milhões de euros de apoio orçamental, um contributo direto aos cofres do Estado sem qualquer ónus que não seja realmente reforçar as decisões nacionais para dar resposta à pandemia”, acrescentou.

Com a vacinação a representar “uma luz ao fundo do túnel”, a diplomata insistiu que a posição da UE tem sido de reforço do apoio financeiro à Organização Mundial da Saúde e aos fundos internacionais de saúde, mas também às instituições de investigação biomédica, ao Instituto Pasteur em Dacar, no vizinho Senegal, que chegou a apoiar Cabo Verde no início da pandemia, e às indústrias farmacêuticas.

LUSA/HN

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