Marta Temido realça que investigação do cancro é uma prioridade da União Europeia

3 de Maio 2021

A ministra da Saúde, Marta Temido, assegurou esta segunda-feira que, apesar da concentração de esforços europeus no combate à pandemia de Covid-19, a investigação na área do cancro é prioritária para o presente e o futuro da União Europeia.

“O cancro é a segunda principal causa de mortalidade nos Estados-membros, logo a seguir às doenças cardiovasculares. Só no ano 2020, 2,7 milhões de pessoas foram diagnosticadas com cancro e 1,3 milhões morreram devido à doença na União Europeia. Os últimos anos tornaram claro que as autoridades públicas de saúde, por si só, não conseguem enfrentar os desafios sanitários, sociais e económicos crescentes associados ao cancro”, afirmou.

Numa intervenção na abertura da Cimeira Europeia de Investigação na Área do Cancro 2021, organizada pelo Porto Comprehensive Cancer Center (P.CCC) no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), a governante realçou a “abordagem moderna” do Plano Europeu de Luta Contra o Cancro, que centrou a resposta comunitária na aposta na investigação e no desenvolvimento tecnológico ao serviço do doente.

“Investir em investigação é instrumental no fornecimento de melhores diagnósticos e perspetivas para os doentes. Novas soluções digitais, inteligência artificial e mudança de paradigmas de investigação, focados em dados reais e nos resultados dos doentes, vão ajudar a atingir estes objetivos”, observou, sublinhando: “Promover investigação é uma prioridade para a UE. Investir em investigação aumenta autonomia e promove crescimento económico”.

A nível nacional, Marta Temido reiterou que “Portugal está comprometido com a investigação clínica” e que esse grau de compromisso é visível no “aumento de 77% de novas submissões para ensaios clínicos recebidos” nos últimos quatro anos pela Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC).

A ministra da Saúde disse que o país vai ter de continuar a dar acesso a ensaios clínicos a portugueses com cancro e a investir na formação dos profissionais de saúde, otimização dos recursos dos centros para o cancro e o desenvolvimento eletrónico dos sistemas de informação”.

E a ministra da Saúde fez ainda questão de notar que, “como a pandemia demonstrou, colaboração e fortes redes de investigação foram essenciais”, pelo que uma “cooperação reforçada vai permitir à Europa manter tratamento e investigação de alta qualidade no cancro, mesmo durante um evento adverso como a pandemia”.

Já a comissária europeia para a Saúde e Segurança Alimentar, Stella Kyriakides, lembrou que o continente tem cerca de 25% dos casos de cancro no mundo, apesar de ter menos de 10% da população mundial, o que, no seu entender, reflete a “enorme ameaça à sociedade e à economia” comunitárias.

“Ou fazemos algo ou a ameaça vai crescer. Somos capazes de inverter esta tendência, mas temos de tomar medidas urgentes, decisivas e ambiciosas”, sublinhou a dirigente europeia, que identificou o Plano Europeu de Luta Contra o Cancro como um “fator de mudança”, ao introduzir uma “abordagem holística” na resposta à doença, “desde a prevenção à qualidade de vida dos pacientes e dos sobreviventes”.

Stella Kyriakides encerrou a sua intervenção por videoconferência no evento a decorrer no Porto com a defesa do investimento europeu na área da saúde, assegurando que “o programa para a Saúde na UE e outros instrumentos europeus vão providenciar um apoio financeiro de mais de quatro mil milhões de euros a estados-membros e outros agentes” para a construção de um sistema de saúde mais resiliente e para a redução da dor causada pelo cancro.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights