“Libertem as doses. Nós [União Europeia] controlamos as exportações para evitar as fraudes, mas não as interditamos, aliás exportamos metade do que produzimos”, frisou Macron numa conferência de imprensa após o Conselho Europeu informal, no Palácio de Cristal, no Porto.
O Presidente francês considerou que “a chave para produzir mais rapidamente vacinas para países pobres é produzir mais”, para o que “é necessário que os EUA levantem as interdições” às exportações de vacinas e seus componentes, sem os quais não é possível produzi-las.
“Sou pela eficácia. Quantas mais vacinas produzirmos, mais rapidamente conseguiremos esmagar a pandemia”, afirmou, apontando que, para “esmagar de vez” a pandemia de Covid-19, é necessária uma maior produção, exportação e transferência de tecnologia.
Falando na necessidade de trabalhar para que a vacina seja um “bem público mundial”, o Presidente francês evocou um “interesse mútuo” e defendeu a urgência de produzir vacinas na Europa, na Índia e em África.
“Sou pela solidariedade internacional, porque é o nosso dever moral e a condição para acabar com a Covid-19. Se não vacinarmos por todo o mundo, não vamos acabar com a Covid-19 e as suas variantes”, reforçou Macron.
Afirmando que a Europa é “de longe” quem mais exportou vacinas, o chefe de Estado francês recordou que, há um ano, quando o “silêncio era ponto de ordem do outro lado do Atlântico”, a França, e nomeadamente a Europa, avançou a ideia de que a vacina deveria ser um bem público mundial.
Já sobre a questão da liberalização das patentes, Emmanuel Macron disse ser favorável a debater o assunto para encontrar uma resposta, apontando como exemplo o que foi feito com o VIH: União Europeia e Estados Unidos construíram um quadro jurídico “que permitiu a transferência de tecnologia sem fragilizar a inovação”.
“Se não, vamos mentir a nós mesmos e dividir-nos em falsos debates”, afirmou.
Na quarta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que apoiava a suspensão das patentes das vacinas contra a Covid-19, uma proposta que tinha sido inicialmente avançada pela Índia e pela África do Sul na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Ainda que políticos europeus como Macron e até a Comissão Europeia se tenham mostrado disponíveis para debater a proposta, o governo alemão já se opôs à ideia, assinalando que “o fator limitativo na fabricação de vacinas é a capacidade de produção e os elevados padrões de qualidade, não as patentes”.
LUSA/HN
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