“Em alguns países ricos, que compraram a maioria das vacinas disponíveis, os grupos de menor risco estão a ser vacinados. Eu entendo que esses países querem vacinar as suas crianças e os seus adolescentes, porém, encorajo estes países a reconsiderarem esta decisão e a doarem as suas vacinas ao Covax”, afirmou o diretor-geral da OMS, sem referir qualquer país em específico.
Esta semana, a Food and Drug Administration (FDA), que regula o setor farmacêutico nos Estados Unidos, anunciou que as crianças entre os 12 e os 15 anos já podem receber a vacina contra o SARS-CoV-2 da Pfizer, o que vai permitir a vacinação de milhares de estudantes antes do início do próximo ano letivo.
Também a Alemanha pretende vacinar todos os adolescentes maiores de 12 anos até ao fim de agosto, embora dependa da “luz verde” da Agência Europeia do Medicamento (EMA) para essa faixa etária, enquanto a França e o Canadá já receberam o acordo dos respetivos reguladores para a utilização da vacina em jovens entre os 12 e os 15 anos.
Em conferência de imprensa virtual a partir da sede da organização, em Genebra, Tedros Ghebreyesus alertou ainda que diversas regiões do mundo estão a registar um aumento de casos de infeção pelo vírus SARS-CoV-2, o que poderá resultar num elevado número de mortes.
“A Covid-19 já levou mais de 3,3 milhões de vidas e estamos a caminho para que este ano de pandemia seja ainda mais letal do que o ano passado”, alertou o responsável da agência das Nações Unidas para a área da saúde.
Depois de confirmar que foi esta semana vacinado contra a Covid-19, Tedros Ghebreyesus reiterou que muitos profissionais de saúde que estão a combater a pandemia em vários países ainda não estão imunizados, o que é um “reflexo triste da grande distorção no acesso às vacinas” a nível global.
“Em janeiro falei sobre uma potencial catástrofe moral e, infelizmente, é o que está a acontecer agora” com a distribuição a “conta gotas” das vacinas, assegurou o diretor-geral da OMS, ao garantir que apenas 0,3% desses fármacos foram destinados aos países de mais baixo rendimento.
De acordo com Tedros Ghebreyesus, além da Índia, países como o Nepal, o Sri Lanka, o Vietname, o Camboja, a Tailândia e o Egito estão a registar um aumento do número de casos e hospitalizações por Covid-19, a que se juntam algumas regiões do continente americano, que já representaram cerca de 40% do total mundial de mortes por Covid-19 na última semana.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.333.603 mortos no mundo, resultantes de mais de 160,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.999 pessoas dos 841.379 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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