Em reunião virtual do Conselho de Segurança da ONU, Moussa Faki Mahamat, antigo primeiro-ministro do Chade e atual presidente da Comissão da UA, destacou que “o maior desafio” que se põe à recuperação da pandemia de Covid-19 no continente africano é a falta de vacinas.
“É um grande erro pensar que o mundo está seguro enquanto África carece de proteção contra o vírus e suas variantes”, sublinhou o responsável, depois de lembrar que a pandemia de Covid-19 está a ter um profundo impacto na economia e desenvolvimento social no continente.
Devido aos desafios e problemas em África, como violência, pobreza, alterações climáticas, falta de empregos, Moussa Faki Mahamat pediu ao Conselho de Segurança da ONU e à comunidade internacional para “pensar em novas abordagens e maneiras inovadoras de encontrar paz na África”.
O presidente da Comissão da UA elogiou as estratégias criadas e adotadas no continente no início da pandemia, com liderança da União Africana, Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), enviados especiais e atividades desenvolvidas pelas várias nações.
Faki Mahamat sublinhou desafios para a recuperação na “frente socioeconómica” provocados por um crescimento lento das economias, redução do comércio internacional, menor procura por exportações africanas e subida da inflação e das dívidas.
“Vinte países africanos enfrentam risco de colapso devido à dívida”, destacou o responsável, apelando a novas iniciativas e “novo modo de pensar” para a recuperação pós-pandémica.
Os planos para a recuperação não se devem fixar na austeridade, mas em estímulos económicos, defendeu o presidente da Comissão da UA, reiterando o apoio a iniciativas internacionais de alívio da dívida.
O diplomata considerou, assim, ser importante “exortar esforços institucionais para mais flexibilidade no financiamento de programas de estímulo nacionais e económicos” e convidou a comunidade internacional a “apoiar a Zona de Comércio Livre Continental Africana”.
Na “frente política”, Moussa Faki Mahamat pediu atenção para a implementação de acordos de paz, dizendo que Sudão, Mali, Líbia e Chade são “exemplos de um grande consenso” na transição para a paz.
“Reitero o apelo do secretário-geral da ONU a todos os beligerantes, onde quer que estejam, para abraçar o cessar-fogo global e facilitar os esforços implementados contra a covid-19”, acrescentou ainda o responsável da UA.
Já o administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Achim Steiner, concordou que a recuperação global, em particular em África, “só é possível se a pandemia for controlada”.
Achim Steiner sublinhou a necessidade de analisar a situação presente quanto à equidade de distribuição das vacinas, espaço fiscal e impactos socioeconómicos, e quais são próximos passos.
O administrador do PNUD sugeriu que há “oportunidades que podem ser aproveitadas em segurança e paz à volta de conceitos como economias verdes (…) para reconstruir melhor para as pessoas e planeta”.
Outra das formas de voltar a dar força a África é assegurando melhor governação e “apoiar as capacidades de Estado” em todos os países africanos, com especial atenção à inclusão das mulheres e meninas nos processos.
Para o administrador do PNUD, o continente é “promissor” e tem um “enorme potencial” em diversas áreas – como agricultura, juventude da população, áreas naturais, recursos minerais, setor energético – mas o potencial não se vai realizar enquanto não se ultrapassar o grande “legado de problemas”, como instabilidade política, violência, fraqueza das instituições nacionais, violações dos direitos humanos, emergência climática e a pandemia de Covid-19.
Na inauguração do debate de alto nível no Conselho de Segurança sobre a Paz e Segurança em África, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu que a solidariedade e um sentido de “vulnerabilidade compartilhada” norteiem a recuperação da crise pandémica e dos conflitos.
LUSA/HN
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