A larga maioria dos inquiridos (72,2%) do barómetro anual sobre a perceção da cultura em Portugal, promovido pela plataforma Gerador e divulgado hoje no festival e fórum de discussão Oeiras Ignição Gerador, considera que o Governo, considerando apenas a área da Cultura, não tem disponibilizado os meios financeiros, fiscais e sociais adequados para responder à crise.
Esta avaliação aumentou doze pontos percentuais em relação ao ano passado, quando já era maioritariamente desfavorável (57%).
O estudo, realizado pela consultora Qmetrics para a plataforma independente de jornalismo, cultura e educação Gerador, foi feito com uma amostra de 1.200 pessoas, a partir dos 15 anos, de Portugal continental e ilhas, desenhada de forma a respeitar as características da população. As entrevistas ocorreram entre 22 de março e 27 de abril.
O inquérito demonstra também que a esmagadora maioria dos portugueses (93,4%) acredita que a Cultura é importante para a economia de um país e 84,5% considera que deveriam ser aplicados no setor, já no próximo ano, mais do que os atuais 0,39% do Orçamento do Estado.
A Cultura está presente de forma regular na vida de metade dos portugueses (51,1%), embora não tanto como desejassem, e cerca de 55% acredita que daqui a dez anos terá mais tempo para lhe dedicar.
A música é percecionada como a atividade cultural mais cara, por 65,6% dos inquiridos, seguindo-se o teatro (20,7%) e a compra de um livro (15,1%).
Cerca de um terço dos portugueses (32,3%) mostrou-se disponível para no futuro pagar para ver um concerto ‘online’. Número que aumenta quando o assunto é cinema, com 41% dos inquiridos a mostrarem-se disponíveis para pagar para verem filmes ‘online’.
O inquérito mostra que cerca de metade dos portugueses (53,5%) paga, mensalmente, por serviços de ‘streaming’ ou por canais de séries de cinema.
Já quando o assunto é música, ou seja o pagamento mensal por serviços de música, a percentagem baixa para 17,7%.
No entanto, praticamente todos os inquiridos (94,4%) ouvem música regularmente, a maioria através da rádio ou da televisão.
A ‘Pop’ e o ‘Rock’ estão no topo das preferências musicais dos inquiridos, que têm no ator Ruy de Carvalho, na banda Xutos & Pontapés, na artista plástica Joana Vasconcelos, no Nobel da Literatura José Saramago, no realizador Manoel de Oliveira e no humorista Herman José as principais referências culturais.
No entanto, quando analisada a faixa etária dos 15 aos 24 anos, as figuras mudam.
Para os mais jovens, as referências culturais mais nomeadas são a atriz Kelly Bailey, o músico Diogo Piçarra e o ‘rapper’ Bispo, o poeta Fernando Pessoa, o realizador Pedro Costa e o humorista Fernando Rocha.
O festival ‘online’ Oeiras Ignição Gerador, que decorre até sábado, conta com a participação de David Throsby, Gonçalo M. Tavares e Beatriz Gomes Dias, entre outros.
Nesta segunda edição do festival, vários autores nacionais e internacionais juntam-se para tentar responder à pergunta “Há uma nova oportunidade para a cultura agora?”, estando também confirmadas as presenças de John Romão e Welket Bungué.
O objetivo deste encontro virtual, com transmissão no ‘site’ do Gerador (www.gerador.eu) é precisamente “refletir sobre as novas oportunidades que existem para a cultura no pós-pandemia”, numa iniciativa que resulta de uma parceria com a Câmara Municipal de Oeiras, cidade candidata à capital europeia da cultura em 2027.
LUSA/HN
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