Num discurso realizado na inauguração das instalações provisórias da Unidade de Saúde Mental de Oeiras, integrada no Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental de adultos do Centro Hospitalar Lisboa Oriental (CHLO), a governante justificou a sua presença com uma “razão afetiva”, pela importância desta área, sublinhando que é necessário “continuar a aprofundar” a aposta com uma “filosofia de intervenção comunitária”.
“Qualificar a forma como se acede aos cuidados de saúde mental e reforçar as respostas de proximidade são as prioridades da nossa ação. É um investimento largamente compensado pelos ganhos em saúde e pela diminuição dos custos diretos e indiretos associados. Sabemos que o Serviço Nacional de Saúde tem recursos finitos, mas tem a competência e a capacidade para liderar na articulação com as respostas já existentes”, afirmou.
Centrando a resposta da saúde mental “nas pessoas e na sua recuperação pessoal”, Marta Temido, enfatizou a mudança de perceção sobre esta área nos últimos anos, num caminho trilhado pela “evolução psicofarmacológica”, mas também pela “vontade de construir uma organização dos modelos de atenção às necessidades de saúde mental”, segundo as carências das pessoas com problemas a este nível.
Paralelamente, a ministra da Saúde alertou para a importância de uma intervenção mais precoce dos cuidados de saúde, ao explicar que metade das perturbações mentais começa na juventude e que a maioria não é detetada de forma atempada.
“Daí esta nossa necessidade de apostar e intervir cada vez mais precocemente e reclamar para a saúde mental a certeza de que se mudarmos o início da história, mudamos a história. Intervir mais cedo pode contribuir para resolver todo um processo”, referiu.
No evento estiveram também presentes a presidente do CHLO, Rita Perez, e o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais. E foi depois de o autarca destacar a superação dos profissionais de saúde ao longo da pandemia de Covid-19 que Marta Temido veio, a partir do exemplo do trabalho dos profissionais desta unidade de saúde mental, defender a capacidade do serviço público.
“Talvez a saúde mental seja mesmo o primeiro passo para uma nova abordagem mais humana e completa, que este ano foi posta à prova. Estas equipas não se superaram, mostraram aquilo que são. Antes, muitas vezes, anulavam-se, tinham uma autoestima fragilizada e hoje estão mais saudáveis sob o ponto de vista da sua missão social e da sua responsabilidade perante os outros. Fazer serviços públicos de saúde não é prestar um serviço de menor qualidade, é, pelo contrário, exercer a função mais nobre sob aquilo que é a responsabilidade social”, frisou.
A Unidade de Saúde Mental de Oeiras vai ficar provisoriamente instalada no edifício da conservatória local, mas a câmara municipal já aprovou na última reunião a abertura do concurso público para as novas instalações, que terão lugar em Paço de Arcos.
À saída das instalações, Marta Temido foi questionada sobre a evolução da situação epidemiológica da Covid-19, mas recusou dar quaisquer respostas aos jornalistas.
LUSA/HN
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