Ema Paulino: “Vi uma oportunidade para apresentar um programa eleitoral alternativo”

06/01/2021
Tornou-se a primeira mulher eleita presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF) numa das eleições com mais participações de sempre. A Lista A liderada por Ema Paulino conseguir derrotar o vice-presidente da ANF, Nuno Vasco Lopes, com 58,0%. A nova presidente aponta, em entrevista exclusiva à HealthNews, o antigo modelo de liderança como uma das razões que a motivaram a concorrer à liderança. Para a nova líder os lucros das empresas do universo empresarial da ANF deveriam suprir a caixa. Com uma visão alterativa, o programa da nova direção visa “tornar o Conselho Nacional um verdadeiro parlamento das farmácias”. Sobre o regresso e apoio de João Cordeiro, Ema Paulino garante: “terei o meu próprio cunho pessoal e as minhas próprias convicções e ideias sobre as linhas programáticas”.

HealthNews (HN)- Este domingo tornou-se a primeira mulher eleita presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF). Por que razão se candidatou para a liderança?

Ema Paulino (EP)- Tive conhecimento de que as eleições tinham sido antecipadas e vi uma oportunidade para a apresentar um programa eleitoral alternativo, com uma visão diferente para a gestão e liderança do universo associativo e empresarial.

Foi uma decisão, também, muito motivada pelo facto de ter constatado que o antigo modelo de liderança tinha levado a uma situação complicada, do ponto de vista financeiro, sendo necessário equilibrar as contas para que os compromissos que a ANF, e o seu universo empresarial têm junto da banca, possam ser cumpridos com a tesouraria que é gerada por essas mesmas empresas.

HN- Para além que querer promover a sustentabilidade económica e financeira da ANF, o que  destacaria do seu programa de atividades?

EP- Uma revalorização da estrutura associativa e tornar o Conselho Nacional um verdadeiro parlamento das farmácias, onde possam ser discutidas estratégias e decididas as prioridades para os mandatos. Portanto, a ideia é promover uma aproximação das necessidades das farmácias através desse maior envolvimento nas decisões estratégias.

Estamos convictos que com a separação que queremos fazer, entre o universo associativo e empresarial, vai ser possível a direção da Associação dedicar-se exclusivamente aos assuntos politico-profissionais do setor. Temos muito conhecimento do dia-a-dia e sabemos quais são as necessidades das farmácias em termos organização interna, de respostas às necessidades da população e do sistema de saúde. 

HN- O regresso de João Cordeiro, ainda que noutras funções, tem para si algum significado particular?

EP- Claro que para mim é uma honra poder contar com o Dr. João Cordeiro na equipa. É um líder inquestionável, um líder histórico do setor das farmácias que teve uma visão, em conjunto com as equipas, que permitiu termos, ao dia de hoje, das melhores farmácias do mundo. Considero que este apoio que dá à lista e aquilo que pretendemos fazer vai ser muito importante para recentrar esta atividade. Com certeza que vou procurar os seus aconselhamentos em muitas matérias, mas, enquanto líder da lista, claro que terei o meu próprio cunho pessoal e as minhas próprias convicções e ideias sobre as linhas programáticas.

HN- Quem a irá substituir nas funções que até aqui desempenhava fora do universo da ANF? Irá acumular essas funções com as da presidência?

EP- Atualmente, faço parte da direção nacional da Ordem dos Farmacêuticos e, como vai haver eleições para a Ordem no final do ano, irei cessar essas funções. Presumo que não haja nenhuma substituição até pelas condições próximas em termos de eleições. Portanto, saindo da Ordem dos Farmacêuticos irei exercer as funções enquanto presidente da ANF, mas não irei exercer nenhuma função na Associação que seja em cargos remunerados (nem nas empresas, nem na farminveste). Continuarei a trabalhar como responsável da minha própria farmácia e nos meus projetos no setor farmacêutico. 

HN- Durante a pandemia as farmácias poderiam ter intervindo mais no que concerne, por exemplo, aos testes de despistagem da Covid-19?

EP- Penso que as farmácias tiveram um trabalho notável em todas as linhas, tanto em termos de disponibilidade, como em termos de execução de uma série de serviços em contexto pandémico. Falo, por exemplo, da dispensa de medicamentos ao domicílio, a dispensa de medicamentos hospitalares nas farmácias comunitárias, todas as questões relacionadas com a questão com a promoção da saúde e a prevenção da doença, nomeadamente ao nível do aconselhamento das medidas de proteção.

Atualmente, as farmácias estão a trabalhar ao nível dos testes rápidos. Estas têm-se mostrado disponíveis para a vacinação contra a Covid-19. Houve, assim, uma série de serviços diferentes e adicionais que as farmácias disponibilizaram neste contexto pandémico para dar resposta à população. Claro que consideramos que houve oportunidades que não foram aproveitadas. 

HN- E relativamente as vacinas contra a Covid-19 (sendo a vacina da gripe administrada, em muitos casos, nas farmácias), por que razão acha que tal não aconteceu na vacinação da Covid ainda a decorrer?

EP- Há várias circunstâncias que podem justificar numa fase inicial a vacinação estar mais concentrada em centros de vacinação. Estas têm a ver com a própria escassez das vacinas e, por outro lado, com a forma como as vacinas têm que ser preparadas para não se gerar desperdício, uma vez que são frascos multidoses e, portanto, não são seringas pré preparadas que habitualmente temos.

Houve uma série de condicionantes que compreendemos numa fase inicial. No entanto, parece-nos que para alguma perspetiva de alargamento dos locais a disponibilidade das farmácias vai ser fundamental.

Entrevista de Vaishaly Camões

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