“África precisa de soluções para ajudar a navegar através destes tempos muito desafiantes devido à pandemia de Covid-19”, disse Adesina, vincando que “a recuperação económica vai depender do acesso às vacinas”.
O banco está a preparar um apoio de 3 mil milhões de dólares, cerca de 2,5 mil milhões de euros, à União Africana para o desenvolvimento da indústria farmacêutica no continente, disse o banqueiro, argumentando que “África não devia mendigar por vacinas, devia estar a produzir vacinas”.
No discurso, Adesina lembrou que variadas vezes nos últimos meses tem defendido a necessidade de construir um sistema de defesa para o continente, não só para esta pandemia, mas para eventuais pandemias futuras, e apontou a entrega de 2 milhões de dólares (1,6 milhões de euros) em assistência de emergência à Organização Mundial de Saúde para aumentar a capacidade de prevenção das infeções, testagem e gestão de casos.
O banqueiro salientou que os Encontros Anuais, que decorrem de quarta a sexta-feira, têm como tema ‘Construindo Economias Resilientes na África Pós-Covid’, e vão fornecer uma plataforma para os governadores partilharem a experiência dos seus países na gestão da pandemia e nas medidas políticas que estão a implementar para reconstruir as economias.
A recente decisão de canalizar para os países africanos cerca de 100 mil milhões de dólares (840 milhões de euros), de um total de 650 mil milhões de dólares (cerca de 550 mil milhões de euros) em Direitos Especiais de Saque emitidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), foi elogiada por Adesina, que salientou que medidas como esta são necessárias para fazer descer “a dívida muito cara” que é devida a credores privados.
O líder do BAD relembrou a proposta da criação de um mecanismo africano de estabilidade financeira, que permitiria mutualizar as emissões de dívida e assim fazer descer os juros exigidos pelos investidores.
“Isso ia requerer que mutualizássemos os nossos recursos, evitamos efeitos de contágio regional, regionalizar as regras de política orçamental, criar reformas nacionais e abordagens de resolução da dívida, e fornecer uma segurança regional que iria complementar a rede de segurança global do FMI”, explicou.
“Estas situações de insegurança colocam agora os maiores riscos para o desenvolvimento de África; temos de ligar a segurança ao investimento, crescimento e desenvolvimento”, disse, defendendo o desenvolvimento de títulos de dívida ligados a um índice de segurança, organizado no âmbito do Conselho de Paz e Segurança da União Africana.
África registou mais 685 mortes associadas à Covid-19 nas últimas 24 horas, o que eleva o total de óbitos desde o início da pandemia para 137.695, e 44.993 novos infetados, de acordo com os dados oficiais mais recentes.
Segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número total de casos no continente é de 5.212.840 e o de recuperados é de 4.622.512, mais 28.507 nas últimas 24 horas.
O primeiro caso de Covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro de 2020, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.
LUSA/HN
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