“Estou muito triste por não poder entrar na cerimónia de abertura e, sobretudo, pelo facto dos japoneses e cidadãos de todo o mundo não poderem participar nesta festa”, disse Miura Nishkvo à agência Lusa.
Este colecionador, de 49 anos, veio de Saga, “a mais de 1.000 quilómetros de Tóquio”, para trocar pins “de todas as nações”, alimentando a ilusão de, assim, “ajudar a esbater um pouco a frustração de não ter a oportunidade de conviver com cidadãos de todo o planeta”.
Veio expressamente para a capital nipónica em 17 de julho e promete “ficar até ao fim”, cumprindo assim a sua “sexta ou sétima” participação olímpica, um “hábito” que junta ao de acompanhar, presencialmente, os Mundiais de futebol.
“Estes Jogos não vão ser bons e isso entristece-me, pois é mau para a imagem internacional do Japão”, concluiu, enquanto faz questão de dar, em troca, um pin a uma jornalista da Bósnia-Herzegovina que lhe tinha oferecido um seu.
Mario Satoro nasceu no Brasil, mas é filho de japoneses que fugiram da II Guerra Mundial, tendo, entretanto regressado definitivamente à terra dos seus ancestrais.
“Vivo e trabalho em Yokohama, mas fiz questão de vir cá para sentir o espírito olímpico. Infelizmente, só consigo ver jornalistas e fotógrafos internacionais, ainda por cima separados por esta proteção metálica”, lamentou.
Este trabalhador na área dos transportes, de 66 anos, veio a Tóquio “tentar sentir um pouco o convívio e união dos povos”, porém ir-se-á embora “com a frustração acrescida de perceber que isso não vai, mesmo, acontecer”.
“Queria ver com os meus olhos, pois não dá mesmo para acreditar que os Jogos Olímpicos vão decorrer sem público. O governo do Japão deveria fazer como em vários países da Europa e permitir a entrada nos recintos aos vacinados. O evento teria muito mais emoção nas bancadas e seria melhor para todos”, sugeriu.
Masako deambula, timidamente, por entre a multidão em busca da melhor foto daqueles que eternizam este momento, “para guardar na memória estes Jogos amargos para a nossa nação”.
“Gosto mesmo muito dos Jogos Olímpicos e todo o entusiasmo destes anos ruiu com a Covid-19 e a decisão do nosso governo. Vir hoje aqui é uma forma de me sentir mais próxima deste grande evento”, disse a médica, de 50 anos.
Vários voluntários, que pediram anonimato, confessaram que a cerimónia de abertura “será a melhor oportunidade para sentir o espírito universal dos Jogos”, recordando a presença de jornalistas e fotógrafos “de todo o mundo”.
“Independentemente das circunstâncias, daremos o melhor de nós para o êxito do evento, contudo será muito triste que esta festa mundial seja tão contida”, resumiu uma responsável por uma equipa de voluntários.
Os XXXII Jogos Olímpicos, que foram adiados por um ano devido à pandemia da Covid-19, principiam hoje às 20:00 (12:00 em Lisboa), com a habitual cerimónia de abertura, com o cenário desolador de ter as bancadas vazias de público.
LUSA/HN
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