Quase duas semanas depois de ter ficado disponível o autoagendamento para a toma da vacina contra a Covid-19 para pessoas a partir dos 18 anos, chegou hoje o dia de os jovens do concelho de Cascais nesta faixa etária começarem a ser vacinados.
Para o primeiro dia, estavam marcadas 376 pessoas dos 18 aos 20 anos, concentradas no período da manhã, e pelas 08:30 já se formava a fila à entrada do Complexo Desportivo de Alcabideche, onde está instalado o centro de vacinação.
“Nós achamos que estes jovens estão com muita vontade de fazer a sua vacina”, antecipou à agência Lusa Carla Ares, do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Cascais (distrito de Lisboa), contando que durante a semana passada, quando o autoagendamento para maiores de 18 anos esteve suspenso, receberam muitas pessoas dessa faixa etária que queriam marcar a toma da vacina.
Comparativamente aos adultos na faixa etária dos 30 anos, Carla Ares nota até uma maior disponibilidade entre os mais novos e na fila, que continuava a crescer desafiando a organização que rapidamente se adaptou, os próprios jovens confirmavam essa vontade.
Quando o autoagendamento ficou disponível em 28 de julho, Nelson, de 20 anos, não quis esperar mais para marcar a 1.ª dose, ou o primeiro passo em direção à normalidade.
“Acho que os jovens têm de ver isto como uma forma de não ficarmos proibidos como estivemos nos últimos dois anos, para terem aquilo que tivemos de sacrificar pelo bem da comunidade”, defendeu.
Se há um motivo comum para aderir ao processo de vacinação contra a Covid-19 entre os mais jovens, parece ser essa ânsia pelo regresso a uma normalidade tão próxima quanto possível daquela que está interrompida desde março de 2020.
Já no interior do complexo desportivo, foi precisamente o desejo de reencontrar amigos sem as limitações atuais que ajudou Inês Lobo a ultrapassar o medo da agulha, o único fator que a fazia recear a vacina.
A espera foi curta e poucos minutos depois de chegar a jovem de 20 anos já estava a entrar para uma das ‘boxes’ onde as vacinas são administradas. De lá, saiu com a 1.ª dose tomada.
“Queremos voltar à normalidade, não ter de nos preocupar com fazer ou não fazer testes”, sublinhou em declarações à Lusa, enquanto esperava na zona onde é feito o recobro, cerca de 30 minutos, antes de poder ir embora.
Segundo Inês Lobo, a grande maioria dos seus amigos e familiares também queria ser vacinada e incentivava as pessoas à sua volta a fazê-lo. Por isso, a jovem acredita que a hesitação vacinal entre as faixas etárias mais jovens será minoritária.
Quando o processo de vacinação se começou a aproximar dos 20 anos, levantaram-se preocupações relativamente à adesão das pessoas nessas idades, sobretudo depois de um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, divulgado no final de junho, apontar que 14,3% dos jovens entre os 16 e os 25 anos ainda não tinha decidido se seria ou não vacinado.
Na opinião pública, o debate virou-se para as formas de motivar e incentivar a vacinação destes jovens, antecipando alguma resistência.
“Se calhar, a generalização acaba por ser um bocado injusta, porque nós, mais do que nunca, queremos é fazer tudo normal, por isso, acho que a maioria quer fazer tudo para que isso aconteça”, sublinhou Inês.
Com a mesma opinião, Nelson também vê mais vantagens do que desvantagens na vacinação, não só de olhos postos no regresso à normalidade, mas também na proteção dos seus familiares mais velhos, e acredita que a maioria considera igualmente que compensa arriscar. Ao lado, a namorada Mariana concorda.
“Quanto mais cedo levarmos a vacina, melhor”, defendeu a jovem de 19 anos que, por ser voluntária de um outro centro de vacinação no concelho de Cascais, já ia hoje receber a 2.ª dose.
“Havia muitos jovens que tinham medo, mas acho que aderiram muito bem porque viram que era necessário e importante”, acrescentou.
Do lado de quem gere aquele centro, essa perceção confirmar-se e hoje, o primeiro dia da vacinação de maiores de 18 anos, foi o “pontapé de saída”.
“Penso que até ao início do ano letivo vai haver uma adesão, porque tem sido uma faixa etária que tem sido muito penalizada”, antecipou Ana Marcelino, gestora dos centros de vacinação de Cascais.
Depois do primeiro dia, com 376 jovens agendados, o número de marcações diárias nesta faixa etária vai continuar a aumentar e, a partir de quarta-feira, Ana Marcelino e Carla Ares preveem que ultrapasse as mil.
No fim de semana, é a vez das pessoas com 16 e 17 anos, que puderam realizar o autoagendamento entre terça e sexta-feira. Em Cascais, não ficaram vagas disponíveis e, por isso, as duas responsáveis esperam mais de 1.600 jovens em cada um dos dois dias.
O autoagendamento para maiores de 18 voltou entretanto a estar disponível, depois de ter sido temporariamente suspenso para o agendamento dos mais novos. Quando abriu pela primeira vez, no final de julho, a afluência foi tal que a plataforma esteve em baixo.
LUSA/HN
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