“Há um ano, celebrámos um marco monumental quando a região africana foi certificada como livre de poliomielite selvagem. Este feito só foi possível devido a décadas de trabalho de homens e mulheres corajosos”, disse a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, numa conferência de imprensa virtual.
“Mas não podemos desistir. Com vigor renovado podemos ultrapassar os últimos obstáculos que ameaçam o nosso sucesso”, disse Moeti.
Segundo a responsável, desde 2018, 23 países africanos sofreram surtos de poliomielite derivada da vacina, os tipos que têm origem porque a vacina oral contra a poliomielite (VOP) contém um vírus vacinal atenuado que pode sofrer alterações genéticas que lhe conferem a capacidade de causar paralisia.
Estes surtos são muito raros, de acordo com a OMS, e ocorrem apenas em locais com populações pouco imunizadas e saneamento deficiente, uma vez que os restos da vacina administrada oralmente permanecem presentes em secreções e o vírus sofre mutações, apesar de estar muito enfraquecido.
O principal instrumento na luta contra o vírus é, portanto, assegurar que toda a população seja imunizada contra o vírus.
No entanto, as campanhas de vacinação contra a poliomielite foram afetadas pela pandemia de Covid-19 durante o último ano e meio.
Neste contexto, a OMS realizou esta semana a 71.ª sessão do seu Comité Regional para África, um organismo multilateral no qual também participam representantes governamentais para avaliar e planear estratégias de saúde continentais.
Coincidindo com o primeiro aniversário da certificação como região livre de poliomielite selvagem, os países africanos reafirmaram a sua intenção de manter os esforços para erradicar o vírus em todas as suas formas.
“Como presidente da União Africana, estou pronto a trabalhar com os outros países para proteger os ganhos dos nossos esforços monumentais contra a poliomielite e terminar o trabalho de acabar com todas as formas da doença em África”, disse o Presidente da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, na reunião da comissão, de acordo com uma declaração divulgada pela OMS.
“Só então poderemos dizer que cumprimos a nossa promessa de um futuro mais seguro e saudável para todas as nossas crianças”, acrescentou Tshisekedi.
Entre os princípios abordados durante a sessão para alcançar este objetivo estão tanto campanhas de vacinação alargadas como sistemas melhorados de vigilância sanitária.
A poliomielite é uma doença infeciosa que afeta principalmente crianças com menos de 05 anos e não tem cura.
Os seus sintomas incluem febre, fadiga, vómitos e dores de cabeça, e em alguns casos pode causar paralisia dos membros.
LUSA/HN
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