Ex-mulher de Bolsonaro sob suspeita de influenciar nomeações para órgãos públicos

3 de Setembro 2021

A segunda ex-mulher do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, contactou o Palácio do Planalto para influenciar nomeações para órgãos públicos a pedido de um lobista, segundo mensagens em posse de senadores e obtidas pelo jornal O Globo.

De acordo com as mensagens em posse de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga falhas e alegados crimes na gestão da pandemia no Brasil, o lobista Marconny Faria, investigado pela comissão, pediu ajuda a Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Bolsonaro, para influenciar na escolha do Defensor Público da União (DPU), em 2020, junto ao então ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, atual membro do Tribunal de Contas da União (TCU).

Ana Cristina foi mulher do atual chefe de Estado do Brasil entre 1998 e 2008, e de cuja união nasceu o quarto filho do Presidente, Renan Bolsonaro.

A ex-mulher de Bolsonaro está também envolvida numa investigação sobre um alegado esquema de contratação de funcionários ‘fantasma’ e da prática de “rachadinha” – quando funcionários devolvem parte dos seus salários – no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro, filho do mandatário, onde esteve empregada durante anos.

“Bom dia meu amigo, venho lhe pedir um apoio ao candidato Dr Leonardo Cardoso de Magalhães para assumir o cargo de Defensor Público-Geral Federal da Defensoria Pública da União. É um candidato alinhado com os nossos valores, técnico e apoiador do Jair. Sei que os outros dois candidatos são de esquerda se puder fazer isso por mim serei muito grata um abraço”, escreveu Ana Cristina numa das mensagens divulgadas pel’O Globo.

Posteriormente, Ana Cristina encaminhou ao lobista Marconny Faria a suposta resposta que recebeu do então ministro Jorge Oliveira: “Já anotado! Conversei com ele ontem”.

Apesar das tentativas feitas pela sua ex-mulher a pedido de Marconny Faria, no ano passado, Bolsonaro acabou por indicar Daniel Macedo para o cargo de Defensor Público da União.

Marconny Faria faltou hoje ao seu depoimento na CPI da Pandemia, e a direção da comissão de inquérito informou que vai pedir a prisão preventiva e a apreensão do passaporte para evitar a sua fuga do Brasil.

Senadores da CPI apontam Marconny não só como lobista da Precisa Medicamentos, empresa que atuou como intermediária no contrato da vacina indiana Covaxin – envolvida num alegado esquema de corrupção -, mas de outros negócios irregulares no Ministério da Saúde.

“Marconny não é o senhor do lobby da Precisa Medicamentos. Ele é o senhor de todos os lobbies. É dele a arquitetura ideal de como burlar um processo de licitação”, afirmou hoje o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues.

LUSA/HN

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