Compra de vacinas em conjunto foi “marco histórico” para África

15 de Setembro 2021

A Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) considerou esta quarta-feira que a compra de vacinas contra a Covid-19 em conjunto pelos países africanos foi "um marco histórico", mas alertou que o continente está longe da imunidade de grupo.

“A iniciativa da União Africana referente à compra de 400 milhões de doses de vacinas para os membros da UA e os países das Caraíbas, anunciada em agosto, foi um marco histórico para África”, escreveu a diretora executiva da UNECA num texto publicado no ‘site’ desta organização.

“O surgimento da pandemia esmagou os sistemas de saúde do continente, originando o maior golpe económico dos últimos 25 anos, mas com a implementação da compra conjunta de vacinas, pela primeira vez os países africanos juntaram os seus esforços financeiros e diplomáticos e falaram como um grupo unido e forte na mesa das negociações para a compra de vacinas”, destacou Vera Songwe.

Lembrando que isto permitiu encomendas de 220 milhões de vacina de dose única da Johnson & Johnson, a que se juntam outros compromissos internacionais e bilaterais, a responsável destacou que estas compras permitem “imunizar um terço da população e colocar África a meio caminho do objetivo de vacinar pelo menos 60% da população”.

Ainda assim, alertou, ainda assim, que o continente “precisa de vacinar pelo menos 65% da população para atingir a imunidade de grupo e reabrir por completo as economias, o que se traduz em 1,5 mil milhões de vacinas, que podem custar entre 8 a 16 mil milhões de dólares [6,7 a 13,5 mil milhões de euros], a que se soma mais 20 a 30% de custos do programa de entrega e administração das vacinas”.

Os dados da UNECA apontam que existe uma diferença de 66 mil milhões de dólares (55,8 mil milhões de euros) de financiamento para a saúde e que o facto de os produtores africanos só conseguirem produzir 2% dos medicamentos necessários e 1% das encomendas de vacinas “mostra que o continente estava claramente mal preparado para a pandemia”.

O continente africano registou na terça-feira, em comparação com as últimas 24 horas, mais 417 mortes associadas à Covid-19 e 12.463 novos casos de infeção pela doença, segundo dados do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).

Segundo o CDC, com estes novos números, o total de casos em África subiu para 8.052.110, enquanto o de vítimas mortais ascende agora a 204.025 e o de recuperados passa para 7.349.642, mais 20.986 que no dia anterior.

A região da África Austral continua a ser a mais afetada do continente, com 3.807.684 casos e 106.014 óbitos associados à Covid-19. Nesta região, encontra-se o país mais atingido pela pandemia, a África do Sul, que regista 2.860.835 casos e 85.002 mortes.

O primeiro caso de Covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro de 2020, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.

A Covid-19 provocou pelo menos 4.646.416 mortes em todo o mundo, entre mais de 225,72 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.

LUSA/HN

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