A bolsa de 15 mil euros da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL) e da Sociedade Portuguesa de Hematologia (SPH), com o apoio da Gilead Sciences, foi entregue no Dia Mundial do Linfoma, na passada quarta-feira.
Engenharia de células CAR T por um método acessível e não viral de entrega de material genético é o nome do projeto vencedor. “O trabalho proposto consiste no desenvolvimento de um método de produção bastante mais acessível que os atualmente existentes, de um dos tratamentos mais inovadores e promissores contra cancros hematológicos, que é a terapia celular com células T”, refere Rosemeyre Cordeiro, investigadora principal que vai liderar a equipa de investigação composta por Henrique Faneca e Ana Bela Sarmento.
Além da considerável redução dos custos para os sistemas nacionais de saúde, Rosemeyre Cordeiro aponta como aspetos promissores do projeto a possibilidade da descentralização da sua produção e da redução do tempo de espera para o início do tratamento. A investigadora explica que “Portugal não tem um centro de produção para este tipo de tratamento” e que “o facto de a produção estar centrada em poucas unidades” poderá “também limitar a capacidade de produção caso exista uma maior afluência a este tipo de tratamentos, levando a um ainda maior atraso no início dos tratamentos”.
Segundo Rosemeyre Cordeiro, “ao desenvolvermos um método de produção não-viral, que não requer instalações tão avançadas, poderá permitir a possibilidade da produção local deste tipo de tratamento, reduzindo o tempo de espera do início do tratamento e limitando também possíveis constrangimentos de produção”. Por outro lado, “esta nova metodologia vai permitir também a implementação de uma estratégia antitumoral com uma maior eficácia terapêutica e menos efeitos secundários”.
Apesar de surpreendidos por se tratar de um trabalho recente, mas sem esconder o entusiasmo, Rosemeyre Cordeiro e a sua equipa referem: “esta bolsa será fundamental para iniciarmos esta ideia de projeto e servirá como financiamento ‘semente’, pois acreditamos no potencial deste projeto e que este tomará outras dimensões”. A equipa diz que, “apesar de este projeto ser direcionado para as neoplasias de células B maduras, a tecnologia desenvolvida poderá ser utilizada em outros tipos de neoplasias”.
Rosemeyre Amaral Cordeiro tem uma vasta experiência no desenho e desenvolvimento de sistemas de base polimérica para entrega de genes. Em 2015, concluiu o seu doutoramento em Engenharia Química na Universidade de Coimbra em colaboração com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
PR/HN/Rita Antunes
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