“Visitamos os serviços de urgência e obstetrícia e verificamos, por exemplo, que a urgência tinha, para além dos atendimentos e das pessoas internadas, 47 macas nos corredores, o que demonstra a insuficiência da capacidade do hospital”, adiantou à Lusa o presidente do Conselho Regional do Sul da OM.
Segundo Alexandre Valentim Lourenço, este hospital confronta-se com uma “carência crónica de médicos que tem piorado cada vez mais”, ao mesmo tempo que as “obras que estão previstas há mais de cinco anos no serviço de urgência ainda não começaram”.
“Esta pandemia apenas mascarou as graves deficiências do hospital”, disse Alexandre Valentim Lourenço, para quem, nos últimos dois anos, o hospital “não tem conseguido captar” os médicos que terminam a especialidade na própria unidade de saúde e que, “por dificuldade de contratação imediata”, acabam para ir para outros hospitais públicos ou privados.
De acordo com Alexandre Valentim Lourenço, o hospital “contrata sistematicamente empresas externas que enviam tarefeiros que não têm nenhuma ligação ao hospital” e que não resolvem a falta de clínicos em algumas especialidades.
“A oncologia tinha oito médicos há dois anos e neste momento tem dois, o que significa que a maior parte dos cancros que eram tratados pela oncologia médica já estão a ser desviados para outro hospital. A obstetrícia deveria ter 21 médicos e tem 11, dos quais oito têm mais de 57 anos, dois já pediram a reforma este ano e dois pedem no ano seguinte por excesso de idade”, exemplificou.
Em 25 de agosto, o hospital de Setúbal reconheceu dificuldades na contratação de médicos para as escalas das urgências, mas garantiu que o serviço estava a funcionar normalmente.
Segundo o gabinete de comunicação do centro hospitalar, o número de médicos no hospital tem aumentado nos últimos três anos e passou de 393 mais 82 em regime de “prestação em regime individual” em 2018, para 400 mais 100 prestadores de serviços em 2020, não tendo fornecido números relativos a 2021.
LUSA/HN
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