Colégio de Lisboa distribui aos pais carta aberta contra vacinação

1 de Outubro 2021

Encarregados de educação de um colégio em Lisboa denunciaram esta sexta-feira ter recebido na escola uma carta aberta, datada de julho, que considera que os jovens e as crianças não devem ser vacinados contra a Covid-19, considerando a situação “muito peculiar”.

Em declarações à Lusa, Hugo Mouro disse ter achado a “situação muito estranha”, depois de ter percebido que os papéis que uma das auxiliares lhe tinha dado à entrada do estabelecimento de ensino tinham a ver com uma carta contra a vacinação e não sobre a questão da baixa da educadora do seu filho.

“Vi que estavam outros pais a receber os papéis, mas só quando cheguei ao carro vi o que eram. Como a educadora do meu filho está de baixa e não recebemos qualquer tipo de informação oficial até agora, pensei que era esse o caso”, começou por explicar.

No entanto, depois de ler os documentos em questão, a carta aberta datada de 24 de julho, em que diversos médicos sustentam que a vacina contra a Covid-19 tem poucos benefícios nos jovens e nas crianças, decidiu ir buscar o filho e retirá-lo da escola em questão.

Hugo Moura explicou que até ao dia de hoje não tinha qualquer tipo de queixa contra o colégio “O Pelicano”, adiantando ter investigado sobre o mesmo, na altura de escolher a escola do filho.

“Ainda estou a processar, não estava nada à espera. Vê-se que a primeira folha do documento é descaracterizada, não há logótipo nenhum do colégio, só se encontra datada de 30 de outubro e é assinado pela Direção do Colégio.

Para o encarregado de educação, “não são as escolas a ditar a saúde publica”, pelo que se mostrou desagradado com a “situação peculiar” que viveu hoje.

Outra encarregada de educação, que preferiu não ser identificada, confirmou igualmente que o documento de várias páginas tinha sido distribuído à entrada por uma auxiliar do colégio, na presença da diretora da escola, que habitualmente se encontra numa das entradas a receber as crianças.

Na primeira folha do documento que foi facilitada à Lusa, tanto pelo encarregado de educação, como pela direção da escola, lê-se: “Caros pais, os diretores dos Agrupamentos de Escolas, de Escolas Secundárias, das Escolas Profissionais, das Escolas Básicas e dos Colégios Particulares recebemos a informação que juntamos”.

Numa resposta à Lusa via email, a direção do colégio “O Pelicano” explicou ter recebido a carta aberta e ter entendido distribuir aos funcionários e aos pais a informação que chegou.

“No dia 30 de setembro, a diretora do colégio entregou estes papéis aos 19 funcionários. No dia 1 de outubro foram entregues aos pais do grupo de crianças dos três anos”, refere a resposta assinada pela diretora do colégio e vice-presidente da Fundação A Caridade, Marina Aires Pereira.

Em 24 de julho deste ano, diversos médicos de diferentes especialidades mostraram-se contra a vacinação contra a Covid-19 em crianças e jovens saudáveis, por considerarem que os benefícios de administração da vacina nesta população não superam os riscos.

Através de uma carta aberta, os especialistas sustentaram que o argumento de proteção dos mais idosos para justificar a vacinação em jovens “não é eticamente aceitável”, defenderam que a vacina tem poucos benefícios neste grupo etário, lembram que a doença se manifesta nesta população quase sempre de forma ligeira ou assintomática e apontam para alguns efeitos secundários mais graves, como uma relação das vacinas (Pfizer/BioNTech e Moderna) com um risco muito raro de inflamações cardíacas (miocardite e pericardite).

Rui Martins, da Confederação Nacional Independente dos Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), avançou à Lusa “não ter tido qualquer tipo de queixa até ao momento” sobre este documento poder estar a ser distribuído em outras escolas do país.

“Não é normal [a situação]. Os pais que se negam à vacinação querem fazer prevalecer que esse é o caminho, mas tal não é correto. Tem a ver com a corrente negacionista, que respeitamos, mas os números da vacinação falam por si”, acrescentou.

Fonte do Ministério da Educação indicou à Lusa não ter conhecimento do caso, nem de qualquer tipo de queixa.

Também contactado pela Lusa, Rodrigo Queirós e Melo, da Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo, revelou não ter tido conhecimento “nem deste caso, nem de nenhum semelhante no setor de escolas que engloba”.

Na carta, que se dirige aos “pais, avós, famílias, professores, profissionais de saúde, agentes e militares das forças de segurança e a todos quanto se preocupam com a humanidade” pode ler-se, entre outras frases, “esta ‘vacina’ pode matar ou deixar sequelas permanentes”.

LUSA/HN

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