O consumo de álcool – mesmo que seja só uma ou duas bebidas por dia – está associado a um risco elevado de hipertensão sistémica de graus 1 e 2, de acordo com novos dados publicados no “American Journal of Cardiology”.
Os investigadores analisaram a relação entre o consumo de álcool e os níveis de pressão arterial (PA) com base nas diretrizes sobre hipertensão do “American College of Cardiology/American Heart Association” de 2017, examinando os dados do “Third National Health and Nutrition Examination Survey” (NHANES).
O grupo estudou 17.059 participantes no total; 53% eram mulheres. A idade média dos doentes era de 46 anos.
Os participantes foram inquiridos sobre os níveis do seu consumo de álcool. Além disso, a pressão arterial foi medida durante uma entrevista em sua casa e numa visita a uma unidade móvel.
Em comparação com os que nunca beberam, os pacientes que bebiam moderadamente (7 a 13 bebidas por semana) corriam um risco acrescido de hipertensão (graus 1 e 2)
Por outro lado, os pacientes que bebiam muito (mais de 14 bebidas por semana) tinham mais probabilidades de ter pressão sistólica e diastólica elevadas, níveis de lipoproteína de alta densidade maiores e níveis mais baixos de atividade física. Enfrentavam também um risco ainda mais elevado de hipertensão sistémica de graus 1 e 2.
Estes pacientes eram na sua maioria jovens, do sexo masculino e fumadores.
“Uma descoberta importante do nosso estudo foi que a idade era um modificador do efeito da associação entre o álcool e a hipertensão sistémica”, referiu o autor principal do estudo, Amer I. Aladin, da Georgetown University/Washington Hospital Center. “Numa análise estratificada por idades, descobrimos que entre aqueles que consumiam 7 a 13 bebidas/semana e ≥14 bebidas/semana, a idade inferior a 65 anos foi significativamente associada a maiores probabilidades de ter hipertensão sistémica de graus 1 e 2. Não houve associação entre o consumo de álcool e hipertensão sistémica nos participantes com 65 ou mais anos”.
Na análise, os homens tinham uma maior frequência de hipertensão sistémica de grau 2 associada ao consumo moderado, em comparação com as mulheres que tinham uma maior prevalência de hipertensão sistémica de grau 1 com consumo moderado.
Centrando-se nas diferenças dos pacientes por raça, observou-se uma forte ligação entre o consumo elevado de álcool e hipertensão de graus 1 e 2 entre os participantes brancos e negros. Contudo, os participantes negros foram o único grupo que teve uma maior ocorrência de hipertensão arterial de graus 1 e 2 com um consumo moderado de álcool.
Aladin et al. enfatizaram que estas descobertas têm “implicações-chave para a saúde pública” que devem ser exploradas em detalhe.
“O consumo baixo a moderado de álcool tem demonstrado consistentemente estar associado a um risco reduzido de doenças cardiovasculares e mortalidade”, referiram. “Contudo, um estudo recente que envolveu quase 600.000 indivíduos revelou que mais de uma bebida por dia estava associada a um aumento da mortalidade por todas as causas. Assim, o efeito protetor do consumo “baixo” a “moderado” de álcool precisa de ser revisto cuidadosamente”.
Mais informação em:
https://www.ajconline.org/article/S0002-9149(21)00818-3/fulltext
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