“Não dá para esconder. Está mau! Não corresponde àquilo que se exige de um país para garantir a saúde que está prevista e garantida na constituição,” afirmou o Presidente da República, após ter visitado o Fundo Nacional de Medicamentos e o Centro Nacional de Endemias, na sequência das visitas e encontros que tem feito a volta do setor da saúde.
O chefe de Estado disse que a situação no Fundo Nacional de Medicamentos “não é boa”, e confirma e o que lhe havia sido retratado pelos profissionais de saúde durante uma reunião na quarta-feira.
“De facto nós constatamos que há ruturas de quase tudo”, declarou o Presidente da República, acrescentado que “as prateleiras estão vazias”, apesar de ter sido informado que alguns medicamentos chegaram ao país no mês de junho e haver previsão de chegada de outras encomendas “para breve”.
“Como Presidente da República visito o Hospital, visito as aéreas dos setores ligados a saúde e a verdade é uma: deficiências em todo o lado”, precisou o chefe de Estado.
“O Fundo [Nacional de Medicamentos] tem uma estrutura autónoma, poderia funcionar de forma autónoma, mas, mais uma vez, a burocracia, a comunicação entre os serviços, o envolvimento, sobretudo do Estado, nos procedimentos de algumas instituições, torna tudo muito mais complicado”, acrescentou.
Carlos Vila Nova assegurou que vai procurar, junto do primeiro-ministro, “que se revejam, sobretudo, os procedimentos”, tendo defendido que o “sistema de funcionamento, de compra, de cedência e de venda de medicamentos às áreas de saúde” tem que ser revisto.
O chefe de Estado defendeu também a revisão dos procedimentos de adjudicação, da forma de lançamento e previsão dos concursos de aquisição, da gestão e do controlo de medicamentos para evitar as “ruturas de ‘stock’”.
Carlos Vila Nova disse que recebeu explicações de que “o grande problema” da rutura do ‘stock’ de medicamentos está na “falta de comunicação e ligação entre as instituições” envolvidas no processo, uma vez que “quem deve pagar não o faz a tempo, quem consome depois, não paga, e quem deve importar, não tem condições para importar”, resultando no sofrimento das populações.
O Presidente considerou que a situação dos medicamentos “é preocupante e grave”, tendo revelado que muitas pessoas “não conseguem adquirir os medicamentos que são prescritos, porque eles não existem”.
“Eu vi situações no hospital, que de facto, nem tudo dá para dizer, mas vi mais do que um doente a ser tratado com a mesma prescrição para poder fazer aproveitamento dos medicamentos do mesmo doente” para servir outros pacientes, revelou o Presidente da República.
Desde que foi empossado Presidente da República, em 2 de outubro, Carlos Vila Nova tem priorizado as suas ações no setor da saúde, através de encontros e visitas aos diferentes intervenientes do sistema.
Após ter visitado o Hospital Central na semana passada, o chefe de Estado encontrou-se, durante esta semana, com a representante da Organização Mundial da Saúde e com representantes dos sindicatos dos médicos, enfermeiros e dos técnicos de saúde para analisar reformas neste setor.
LUSA/HN
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