Governo do Brasil apoia criação de rede de hospitais beneficentes portugueses

16 de Outubro 2021

O ministro da Saúde brasileiro, Marcelo Queiroga, apoiou o memorando de entendimento que foi ontem assinado na Embaixada de Portugal em Brasília com vista à criação de uma rede de hospitais beneficentes portugueses no país sul-americano.

Queiroga, que é médico cardiologista, revelou ter feito a sua formação em cateterismo cardíaco no hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e declarou que o Governo brasileiro, presidido por Jair Bolsonaro, “tem um olhar especial para essas instituições filantrópicas”.

“Eu tenho um conflito de interesses, porque (…) no hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo aprendi a entrar no coração dos brasileiros com cateter. Hoje, eu quero entrar no coração dos brasileiros com ações e estamos fazendo isso, pondo fim à pandemia. Portugal faz o mesmo e nós estamos a colaborar para que as nossas ‘expertises’ sejam multiplicadas e possam servir a portugueses e brasileiros em ambos os países. Somos uma única nação, que fala a mesma língua”, afirmou Queiroga.

O ministro, que assistiu à assinatura do memorando pela secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, em representação do Governo português, pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e por instituições beneficentes de matriz portuguesa, acrescentou que o Brasil “tem um compromisso” com a sustentabilidade desses hospitais.

“O Governo de Jair Bolsonaro tem um olhar especial para essas instituições filantrópicas, como os hospitais de beneficência portugueses e as Santas Casas. Todos sabem que o Presidente teve a sua vida salva numa Santa Casa [Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora que atendeu Bolsonaro após o atentado à faca em 2018]. Então, nós sabemos o que representam essas instituições e o compromisso do nosso Governo é com a sustentabilidade desses hospitais”, frisou.

Ainda de acordo com Queiroga, a “parceria Portugal-Brasil” é “uma parceria de mãe e pai e filho, então é perene”, frisando que continuarão a trabalhar juntos.

As palavras de Queiroga na Embaixada de Portugal em Brasília foram celebradas pelos representantes do executivo português, que apreciaram o endosso dado pelo Governo do Brasil ao memorando de entendimento.

“Fiquei muito satisfeito com a presença e palavras do ministro Queiroga, com quem tive a oportunidade de discutir alguns temas ainda antes desta sessão. De facto, há aqui uma comunhão de visões, no sentido de percebermos que é muito importante este aprofundamento e cooperação entre os dois países porque muitos laços nos ligam”, disse o secretário de Estado Adjunto e da Saúde.

Na prática, o memorando de entendimento para a criação de uma rede de hospitais beneficentes com a marca “Portugal Saúde” propõe aprofundar a cooperação entre hospitais dos dois países e envolve mais de uma dezena de associações a atuar no Brasil.

“Na prática, permitirá fazer abordagens de patologias diferenciadas, transferências de doentes entre hospitais e é isto que se chama expansibilidade, elasticidade e trabalho em rede do sistema. Este memorando de entendimento é muito importante. Portugal tem hospitais beneficentes representados em muitos estados do Brasil e, portanto, acolhemos com muito orgulho esta rede hospitalar”, disse Lacerda Sales.

Também o embaixador de Portugal em Brasília, Luís Faro Ramos, ressaltou as palavras de Marcelo Queiroga, assim como a “atenção” dada pelo Governo brasileiro ao projeto português.

“Foi uma bela surpresa, porque tínhamos já esta ideia do projeto, que é magnifico e que irá certamente render frutos, mas faltava-nos ainda a validação e endosso por parte do Governo brasileiro, e que tivemos hoje (…) O Governo brasileiro olha com muita atenção para estas beneficentes e acarinha também este projeto de nós estabelecermos a rede ‘Portugal Saúde’ aqui no Brasil. Portanto, penso que não poderíamos ter arrancado melhor”, avaliou o diplomata.

Já Berta Nunes destacou que este memorando de entendimento é também o reconhecimento do trabalho centenário que os emigrantes portugueses fizeram no Brasil.

“Como secretária de Estado das Comunidades é muito grato reconhecer todo o trabalho que os emigrantes fizeram aqui no Brasil. Algumas destas instituições são mais do que centenárias. É uma história de gerações e essa história tem que ser reconhecida. (…) Temos a obrigação de continuar esse trabalho, reforçando laços entre Brasil e Portugal”, disse Berta Nunes, em Brasília.

NR/HN/LUSA

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