Universidade Católica anuncia que terceiro trimestre deste ano foi o melhor desde o início da pandemia

29 de Outubro 2021

O núcleo de estudos económicos da Universidade Católica (NECEP - Forecasting Lab) afirmou esta sexta-feira, em nota enviada à Lusa, que o terceiro trimestre foi "o melhor desde o início da pandemia", com um crescimento de 2,9% face ao segundo.

“No 3.º trimestre de 2021, o PIB [Produto Interno Bruto] cresceu 2,9% em cadeia. Desta forma, o 3.º trimestre foi o melhor desde o início da pandemia, se bem que mantendo ainda um importante desvio face a 2019, acima dos três pontos percentuais”, pode ler-se na informação do NECEP enviada hoje à Lusa, em reação aos números do crescimento económico hoje divulgados pelo INE.

O PIB cresceu 4,2% no terceiro trimestre, em termos homólogos, e aumentou 2,9% face ao trimestre anterior, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Em cadeia, os economistas da Universidade Católica assinalam que “é um sinal muito positivo na medida em que trata de um crescimento elevado em termos históricos, o terceiro mais acentuado desde 1995 depois dos 4,4% do 2.º trimestre bem como da recuperação de 14,7% observada no 3.º trimestre do ano passado”.

Segundo o NECEP, “a evolução diferenciada dos deflatores das exportações e importações poderá ter favorecido o andamento recente do PIB, notando que a pressão sobre os preços tem sido maior do lado das importações de produtos energéticos e matérias-primas”.

“Adicionalmente, a deterioração dos termos de troca poderá implicar um novo agravamento do saldo da balança de bens”, alertam os economistas.

O NECEP refere ainda que em termos europeus, “as economias ibéricas, incluindo Portugal, estão entre as mais prejudicadas do ponto de vista económico pelos choques sucessivos dos confinamentos”.

“O peso relativo do turismo, uma fileira que poderá demorar ainda algum tempo a recuperar plenamente das perdas entretanto ocorridas, e notando que o 3.º trimestre ainda esteve longe da normalidade neste âmbito, ajuda a explicar o atraso no regresso aos anteriores níveis de atividade”, pode ler-se no na leitura do NECEP.

Os economistas da Católica até salientam que esses dados, “por si só, poderiam melhorar o cenário central do NECEP para o corrente ano”, mas “o contexto é de elevada incerteza e os indicadores mais recentes sugerem riscos de deterioração da atividade económica em outubro”.

O INE referiu hoje que no aumento em cadeia verificou-se “um contributo positivo da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB, que tinha sido negativo no 2.º trimestre, e um contributo positivo menos intenso da procura interna no 3.º trimestre de 2021”.

Já quanto à comparação homóloga, o INE recordou que “no trimestre anterior, a variação homóloga do PIB tinha sido 16,1%, resultado influenciado, em grande medida, pelo forte impacto da pandemia no 2.º trimestre de 2020”.

Segundo explica o instituto, “a dissipação parcial deste efeito de base traduziu-se num contributo positivo da procura interna para a variação homóloga do PIB menor que o apurado no trimestre anterior”.

Por sua vez, continua o INE, o contributo da procura externa líquida “foi ligeiramente mais negativo no 3.º trimestre, traduzindo um aumento das importações de bens e serviços mais acentuado que das exportações de bens e serviços”.

O instituto refere ainda que, no 3.º trimestre, “o deflator das exportações e, em maior grau, o deflator das importações terão registado crescimentos expressivos, sobretudo relacionados com a evolução dos preços dos produtos energéticos e das matérias-primas, prolongando-se a perda nos termos de troca observada no trimestre precedente”.

De acordo com as previsões macroeconómicas adjacentes à proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2022, que foi chumbada na quarta-feira no parlamento, o executivo espera um crescimento económico de 4,8% este ano e 5,5% no próximo.

Quanto às previsões das restantes instituições, o Banco de Portugal (BdP) continua a ser a entidade mais otimista relativamente à evolução da economia nacional este ano (4,8%), seguido pelo Conselho das Finanças Públicas (CFP), que espera um crescimento de 4,7% para este ano.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta para um crescimento de 4,4%, a Comissão Europeia espera 3,9% e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) antevê um crescimento de 3,7%.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Estudo revela impacto das diferenças de género na doença de Parkinson

Um estudo recente evidencia que as mulheres com Parkinson enfrentam subdiagnóstico e dificuldades no acesso a cuidados especializados. Diferenças hormonais, estigma e expectativas de género agravam a progressão da doença e comprometem a qualidade de vida destas pacientes.

ESEnfC acolhe estudantes europeus em programa inovador de decisão clínica

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) recebeu 40 estudantes e oito docentes de Espanha, Finlândia, Itália e Portugal para um programa intensivo sobre competências clínicas e tomada de decisão. O evento combinou atividades online e presenciais, promovendo inovação pedagógica

VéloPsiq: bicicletas no combate ao sedentarismo psiquiátrico

O Hospital de Cascais lançou o Projeto VéloPsiq, uma iniciativa pioneira que utiliza bicicletas ao ar livre para melhorar a saúde física e mental de pacientes psiquiátricos. Com apoio da Câmara Municipal e da Cascais Próxima, o projeto promove reabilitação cardiovascular e bem-estar.

Johnson & Johnson lança série de videocasts sobre cancro da próstata

A Johnson & Johnson Innovative Medicine Portugal lançou a série “Check Up dos Factos – À Conversa Sobre Cancro da Próstata”, um conjunto de quatro vídeocasts que reúne oncologistas e urologistas para discutir temas-chave como NHTs, terapias combinadas e estudos de vida real no CPmHS.

Ronaldo Sousa: “a metáfora da invasão biológica é uma arma contra os migrantes”

Em entrevista exclusiva ao Health News, o Professor Ronaldo Sousa, especialista em invasões biológicas da Universidade do Minho, alerta para os riscos de comparar migrações humanas com invasões biológicas. Ele destaca como essa retórica pode reforçar narrativas xenófobas e distorcer a perceção pública sobre migrantes, enfatizando a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para políticas migratórias mais éticas

OMS alcança acordo de princípio sobre tratado pandémico

Os delegados dos Estados membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) chegaram este sábado, em Genebra, a um acordo de princípio sobre um texto destinado a reforçar a preparação e a resposta global a futuras pandemias.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights