“As alterações climáticas originadas pela ação humana ameaçam o ecossistema do nosso planeta e as vidas e rendimentos de milhões de pessoas; do ponto de vista do FMI, a mudança do clima é uma grave ameaça à estabilidade macroeconómica e financeira, e agora a janela de oportunidade para conter o aquecimento global a entre 1,5 e dois graus Celsius (ºC) está a fechar-se rapidamente”, disse Kristalina Georgieva num artigo de opinião divulgado no dia em que se inicia a 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26).
Kristalina Georgieva adverte que “as políticas atuais vão deixar as emissões de carbono em 2030 bem acima do necessário para manter vivo o objetivo de 1,5ºC, que exige cortes de 55% abaixo do cenário base em 2030. E cortes de 30% seriam necessários para cumprir a meta de 2ºC”.
No texto, Georgieva diz que há um défice de ambição e outro défice político, lembrando que, apesar de haver vários compromissos de longo prazo, não há promessas para ações de curto prazo.
“Mesmo que os atuais compromissos para 2030 fossem cumpridos, isto representaria apenas um a dois terços das reduções necessárias para os objetivos”, escreve a líder do FMI.
Citando um relatório técnico do FMI, Kristalina Georgieva diz que “todos têm de fazer mais”, referindo-se aos países avançados, às economias de mercado e aos países de menor rendimento.
O grande problema, conclui, não é dinheiro, porque “a boa notícia é que os custos de redução são geríveis”, já que colocar as emissões globais no objetivo de 2ºC “custaria 0,2% a 1,2% do PIB, com o maior fardo a cair sobre os países mais ricos”.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos são esperados em Glasgow para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
Apesar dos compromissos assumidos até agora, as concentrações daqueles atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de Covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
LUSA/HN
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