Segundo o anestesista Miguel Reis, nos 10 dias úteis que durou a missão, foram realizadas 70 cirurgias (alguns doentes foram sujeitos a mais do que uma intervenção), além de consultas e outros atos médicos.
“No cômputo geral, chegámos aos números a que nos propusemos”, disse o médico, acrescentando que a equipa saiu “satisfeita” com o resultado da missão.
A missão, constituída por dois cirurgiões-gerais, dois ginecologistas-obstetras, dois anestesistas e uma intensivista, ocupou durante 10 a 12 horas por dia o bloco operatório do hospital Ayres de Menezes, em São Tomé.
Além de identificar os doentes que precisavam de ser tratados, o hospital disponibilizou enfermeiros locais, que acabaram também por receber alguma formação, e apoio nas análises clínicas e na esterilização do bloco.
Os médicos levaram de Portugal 20 caixotes de material médico e cirúrgico, 18 dos quais foram usados nas cirurgias ou doados ao hospital, tendo regressado apenas o material que é necessário ao trabalho dos clínicos, explicou ainda Miguel Reis.
Segundo o médico, uma das dificuldades da associação, criada em 2017, é o financiamento.
Para esta missão em São Tomé e Príncipe, a BeAlive recebeu alguns donativos particulares e algum material médico foi doado por empresas, mas os médicos pagaram as suas próprias viagens.
Outra dificuldade, admitiu, é a disponibilidade dos hospitais em Portugal para permitir a ausência dos clínicos durante as missões.
“Seria interessante se houvesse um mecanismo” que permitisse que os especialistas pudessem participar nestas missões sem usarem dias de férias e com menos questões burocráticas, afirmou.
Desde que iniciou atividade, em 2017, a BeAlive, que realiza “missões humanitárias de caráter médico-cirúrgico de forma voluntária e missionária nos mais carenciados países da lusofonia”, realizou três missões, tendo efetuado 207 procedimentos cirúrgicos, mais de 900 consultas e realizado formações teóricas e teórico-práticas de profissionais locais.
A última, também em São Tomé e Príncipe, em 2019, permitiu a realização de 94 procedimentos cirúrgicos, mais de 300 consultas médicas no hospital Ayres de Menezes e de formações práticas e teórico-práticas junto de equipas locais.
Antes, a BeAlive realizou missões na Guiné-Bissau, em outubro de 2017 e em abril de 2018, e em 2020 parou devido à pandemia de Covid-19.
Para 2022 – o objetivo por enquanto é fazer uma missão por ano – a associação gostaria de atuar em Timor-Leste, disse Miguel Reis, que assume a meta da organização de fazer duas missões por ano a médio prazo, com Cabo Verde e Angola no horizonte.
LUSA/HN
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