O presidente do Conselho de Administração do CHMT, Casimiro Ramos, disse hoje à Lusa que, na sequência de apelos lançados nas redes sociais após o acidente rodoviário ocorrido na madrugada de quinta-feira no concelho de Abrantes, que provocou dois mortos e cinco feridos graves, houve uma afluência repentina ao Serviço de Sangue, sem capacidade imediata para a recolha.
Daí o “comunicado urgente” colocado hoje na página do CHMT, que refere “pedidos veiculados nas redes sociais” e confirma “a necessidade de receber dádivas de sangue nos próximos dias”, agradecendo “toda a ajuda que se está a mobilizar”.
No entanto, o CHMT pede à população que apenas se dirija ao Serviço de Sangue de qualquer uma das suas Unidades Hospitalares (Abrantes, Tomar e Torres Novas) dentro do horário normal de funcionamento, ou seja, de segunda a sexta-feira (dias úteis), com inscrições das 09:00 às 12:45, sugerindo o contacto telefónico para “pedidos de esclarecimento”.
Sublinhando que o CHMT tinha sangue em reserva para acorrer às vítimas do acidente, Casimiro Ramos afirmou que as dádivas se destinam a repor os ‘stocks’, visando o comunicado clarificar os procedimentos para eventuais dadores.
“Houve essa afluência [na sequência dos apelos] e, de repente, não podíamos [fazer todas as colheitas]. Mas não queríamos dizer ‘não venham’ (…), antes pelo contrário”, pelo que foi feito o apelo para que as pessoas se dirijam aos Serviços de Sangue das três unidades do CHMT dentro do seu horário de funcionamento.
O presidente da Associação dos Dadores Benévolos de Sangue do Hospital de Tomar, Joaquim Palricas, disse, por seu turno, à Lusa que, com a retomada da atividade hospitalar para recuperar os atos médicos que ficaram por realizar nos períodos críticos da pandemia da covid-19 e a aproximação da época das gripes, há necessidade de reforçar as reservas de sangue.
Lembrando que, após o apelo feito no início do ano pelo Instituto Português do Sangue, houve “muita gente” a dar sangue, Joaquim Palricas disse ser natural que, devido à baixa percentagem de dadores existente em Portugal, se tenha seguido um período de menos dádivas, já que normalmente a mesma pessoa faz duas dádivas por ano.
“São necessários novos dadores. Se tivéssemos 4%, 5% de dadores no país disponíveis [ao invés dos 2%, 3% existentes] isto estava resolvido”, disse.
Sublinhando não haver razões para “alarmismos”, o antigo enfermeiro frisou que os apelos dramáticos levam a que “venham todos numa altura, faltando depois noutra”.
“É importante dizer que não se estão a adiar operações ou não estão a morrer pessoas por falta de sangue. Não. Se calhar as reservas é que estão a baixar e daí este apelo”, disse.
A Associação dos Dadores Benévolos de Sangue do Hospital de Tomar, que tem cerca de 1.300 dadores habituais, inclui, entre as suas ações, operações de colheita de sangue em escolas, como forma de sensibilização dos jovens, acrescentou.
Joaquim Palrica salientou ainda que os dadores habituais satisfazem as necessidades para transfusões, de uso imediato, explicitando que a dádiva de sangue permite a extração de derivados, nomeadamente do plasma (albumina, imunoglobulina, fatores 8), essenciais para medicamentos, que “também faltam”.
LUSA/HN
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