Realizado por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, este é “o primeiro estudo nacional a quantificar os internamentos por perturbação bipolar e o número de doentes internados em hospitais públicos portugueses, recorrendo à ‘BigData’”, explica, em comunicado, Manuel Gonçalves Pinho, médico de Psiquiatria e primeiro autor deste trabalho.
De acordo com o investigador da FMUP/CINTESIS, os internamentos são um dos principais indicadores dos cuidados de saúde prestados a estes doentes, à semelhança do que acontece na esquizofrenia.
Este trabalho de investigação registou 20.807 hospitalizações relacionadas com a perturbação bipolar ao longo de oito anos (2008-2015), correspondentes a 13.330 doentes.
Quanto aos custos, os investigadores fizeram as contas e concluíram que cada internamento teve um preço estimado de 3.508 euros, o que totaliza 9,1 milhões de euros por ano e 73 milhões de euro no período de tempo considerado.
Uma das explicações para o valor encontrado é a duração do internamento, que era, em média, de 19 dias, no caso das mulheres, e de 16 dias, no caso dos homens.
“A perturbação bipolar é uma doença mental crónica, os períodos em que a doença descompensa levam muitas vezes a internamentos. Estes devem ser a última linha de recurso para tratar a perturbação bipolar”, sublinha Manuel Gonçalves Pinho.
Segundo este estudo nacional, publicado na revista científica Psychiatric Quarterly, as hospitalizações por perturbação bipolar são mais frequentes em mulheres, com uma média de idades de 49 anos.
Cerca de 44% dos internamentos ocorreram devido a episódios maníacos, sobretudo entre os homens, em contraposição com os episódios depressivos ou mistos.
“Os episódios maníacos cursam habitualmente com períodos de aumento da energia, humor irritável ou eufórico e diminuição do sono. Estes sintomas duram várias semanas a meses. As alterações do humor que caracterizam a doença podem ser classificadas como episódios maníacos/hipomaníacos e episódios de depressão bipolar”, explicam os autores do estudo.
Além de Manuel Gonçalves Pinho, participaram também neste trabalho os investigadores Alberto Freitas, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e do CINTESIS, e Orlando von Doellinger e João Pedro Ribeiro, do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, em Penafiel.
LUSA/HN
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