‘Spin-off’ do Politécnico de Leiria cria laboratórios de jogos para estimular idosos

16 de Novembro 2021

O programa Lab Centers, desenvolvido pela AGILidades, uma ‘spin-off’ do Politécnico de Leiria, está a criar laboratórios de jogos junto de instituições, que contribuem para prevenir, retardar ou melhorar problemas cognitivos e motores nos idosos.

Com o objetivo de promover um envelhecimento ativo de boas práticas em rede no cuidado geriátrico, o programa Lab Centers resulta de um projeto de investigação do Politécnico de Leiria.

“Durante dois anos e meio foram concebidos jogos e investigados os seus resultados. O nosso projeto chama-se AGILidades, porque o objetivo é mesmo trabalhar a agilidade”, adiantou à Lusa a fundadora da ‘spin-off’, investigadora e professora da Escola Superior de Saúde do Politécnico de Leiria.

No lar da Amitei – Associação de Solidariedade Social de Marrazes, na sexta-feira de manhã, um grupo de idosos chegava entusiasmado para mais uma sessão, que alia o divertimento e a socialização ao desenvolvimento das áreas cognitivas e motoras.

Numa mesa são distribuídos cartões com imagens, que os idosos têm de encontrar e colocar a peça respetiva num quadro maior. Noutra mesa, outro jogo coloca duas pessoas em competição para encontrar mais rápido a imagem mostrada pelo coordenador do projeto na AMITEI.

O jogo vai ‘complicando’ obrigando os idosos a mover as duas mãos, colocando um copo na respetiva imagem e tocar a campainha quando se atinge o objetivo.

“Não consigo ir com esta mão”, reclamava uma das idosas, que ouviu de imediato Miguel Mesquita, coordenador do projeto AGILidades e da animação no lar, avisar: “consegue sim, vamos lá treinar”.

A memória é estimulada através de um outro jogo, que mostra imagens isoladas e desafia os idosos a contar uma história, verdadeira ou inventada.

Um labirinto no chão ajudam os intervenientes a treinar o lado motor e a prevenir quedas. “Estes jogos têm sempre a questão cognitiva e motora. É um trabalho conjunto, porque é assim que funciona o sistema nervoso central. Por isso, tem sempre questões de método de manipulação e questões cognitivas, como atenção visual espacial, memória ou controle inibitório”, explicou Marlene Rosa.

Segundo a investigadora, “alguns jogos são mais direcionados às atividades de membros superiores, outros são mais direcionados a atividades de locomoção e equilíbrio e prevenção de quedas”.

A docente adiantou que o AGILidades é também desenvolvido na comunidade, junto de idosos com mais autonomia, com o objetivo de “prevenir”. Já nos utentes institucionalizados, o programa pretende “retardar” situações.

O projeto arrancou em junho deste ano e mais de 70 instituições de todo o país já têm laboratórios de jogos. “Há um coordenador que recebe formação para poderem pôr em prática os jogos. Vão abrindo trimestralmente candidaturas para instituições, estando a decorrer a terceira fase até 30 de novembro”, referiu.

Os resultados foram confirmados na investigação que foi realizada e que continua a ser aferida no dia-a-dia. “A maior parte das nossas investigações demonstra uma melhoria do trabalho cognitivo” e das respetivas “funções executivas”, assim como a “socialização”.

“Quando no final de cada um destes processos de investigação perguntamos ao idoso quanto é que isto contribui para a sua felicidade ou para o seu processo de integração na instituição, os resultados são francamente positivos. O jogo das mãos, por exemplo, traz bastantes benefícios em termos de coordenação dos membros superiores e o jogo do labirinto [no chão] em termos de prevenção de quedas e melhoria do equilíbrio”, informou Marlene Rosa.

O coordenador do programa de animação da Amitei, que é responsável pelo AGILidades no lar, Miguel Mesquita, confirmou à Lusa que “estes jogos têm muita potencialidade tanto para intervir individualmente como em grupo”.

“Temos cada vez mais uma população envelhecida com várias patologias e limitações, mas também com muita competência. Através destes jogos tentamos trazer essas competências ao de cima e tentamos que elas ganhem importância, para que os idosos não se sintam frustrados quando desenvolvem as próprias atividades”, disse Miguel Mesquita.

O coordenador acrescentou que o programa contribui para que os utentes se divirtam e que se “desafiem a eles próprios, ao mesmo tempo que desenvolvem a sua competência”.

LUSA/HN

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