No encerramento da interpelação ao Governo sobre saúde, pedida pelo PSD e que decorreu hoje de manhã na Assembleia da República, Marta Temido voltou a sublinhar o investimento feito pelo Governo no Serviço Nacional de Saúde (SNS), apontando os 3.200 milhões de euros investidos no serviço público.
Lembrando que Portugal tem pela frente “tempos de grande exigência”, com o crescimento do número de novos casos diários de Covid-19, a governante insistiu na ideia de continuar a apostar no SNS.
Durante o debate, a ministra da Saúde deu o exemplo de Espanha e do Reino Unido para mostrar que o problema das listas de espera para consultas e cirurgias “não é exclusivo do SNS”, mostrando as capas dos jornais El Pais e The Guardian.
“A saúde é um setor de disputa política, mas, sobretudo, é essencial para os cidadãos, para os portugueses e portuguesas, e é para eles que trabalhamos”, afirmou.
Em resposta ao deputado da Iniciativa Liberal João Cotrim Figueiredo, sobre se era com o mesmo programa que avançaria caso o PS ganhasse as eleições de janeiro, a ministra respondeu: “Sim, se os portugueses nos derem essa confiança, será com o mesmo programa de reforço dos serviços públicos que nos apresentaremos”.
No início do debate, o social-democrata Maló de Abreu apresentou várias “verdades insuportáveis” sobre o Serviço Nacional de Saúde, abordando as dificuldades de acesso e a falta de pessoal e de condições de trabalho no SNS, uma intervenção que levou Marta Temido a enumerar também as suas “verdades insuportáveis”.
“Verdade insuportável n.º1: a atividade assistencial nos cuidados de saúde primários nos primeiros nove meses deste ano aumentou 14% em consultas médicas e 45% nas consultas de enfermagem; verdade insuportável n.º2: a atividade assistencial hospitalar na área das consultas aumentou em 94 mil face a 2019 e fizeram-se mais 7.500 cirurgias face a 2019; verdade insuportável n.º3: os rastreios oncológicos aumentaram, com mais mulheres rastreadas ao cancro de mama do que em 2019 e os rastreios ao colon e reto também aumentaram”, afirmou.
“As cirurgias oncológicas cresceram 20%. Estas são as insuportáveis verdades que os estudos supostamente independentes não mostram”, acrescentou.
A ministra reconheceu que o aumento de quase 400.000 inscritos no SNS fez com que o compromisso de dar médico de família a todos os portugueses lhe “fugisse debaixo dos pés”, afirmando que há ainda 10% de pessoas sem médico de família, um valor igual ao do início da anterior legislatura.
“Há mais quase 400.000 inscritos (…), são pessoas que vieram à vacinação, foram inscritas, merecem que lhes sejam prestados cuidados de saúde e não deixaremos de os atender, mesmo que politicamente isso tenha um preço”, afirmou Marta Temido.
LUSA/HN
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