Em declarações aos jornalistas no hospital de Faro, Ana Varges Gomes admitiu que estes internamentos já “começam a fazer alguma interferência na atividade do dia a dia, sobretudo na produção adicional”, ou seja, na recuperação das listas de espera, atividade que “começa a ter algumas limitações”.
“Neste momento nós não estamos a deixar de fazer nada, nós estamos a diminuir a produção adicional, o que quer dizer que o que estávamos a fazer em termos de recuperação de listas de espera é ligeiramente menor”, sublinhou aquela responsável.
À margem de uma reunião com o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos no hospital de Faro, o diretor clínico do CHUA, Horácio Guerreiro, mostrou-se preocupado com o aumento de casos de Covid-19, embora note que, na generalidade, a gravidade é menor.
“Temos vindo a expandir a nossa capacidade muito rapidamente, muito rapidamente. Na semana passada tínhamos 30, 40 casos doentes, agora temos 70, mas, em geral, a gravidade é menor”, referiu, sublinhando que o mesmo está a acontecer noutros países.
Segundo Ana Varges Gomes, apesar do aumento de casos de Covid-19, o plano de contingência do CHUA ainda se mantém na primeira fase, sendo que ainda é possível ir “até à quarta fase”, tal como aconteceu nas outras vagas de Covid-19.
“Nada disso mudou, o plano continua em vigência, é igual, a pandemia é a mesma, portanto, nós já aprendemos, já sabemos como devemos fazer”, referiu, notando, no entanto, que é preciso ir “doseando” as camas nos casos de cirurgias que requerem internamento.
A presidente do conselho de administração do CHUA aproveitou para alertar aos utentes do Serviço Nacional de Saúde para que só se dirijam às urgências dos hospitais se tiverem doença grave, para não sobrecarregarem os serviços.
“Por dia, mais de 50% dos doentes adultos que vêm à urgência são doentes verdes e azuis [nível de urgência atribuído aos doentes, que vai do azul, menos grave, ao vermelho, mais grave], o que quer dizer que a prioridade de eles estarem cá é muito baixa, não teriam que estar cá”, frisou.
Por outro lado, acrescentou, nas anteriores vagas de Covid-19 as pessoas ligavam para a [linha] Saúde 24, eram referenciadas para os ADR [áreas dedicadas aos doentes respiratórios] e em “situações mais complexas” é que acabavam por ir ao hospital.
“Neste momento, não. Eu acho que as pessoas perderam o medo das urgências hospitalares e acham que tudo voltou ao que era antes e voltaram a usar mal os serviços, o que é uma pena”, lamentou.
Outro problema com que o CHUA se debate é o facto de algumas camas estarem a ser ocupadas por doentes que se mantêm na instituição enquanto aguardam vaga num lar ou nas redes de cuidados continuados e paliativos, onde não há resposta.
LUSA/HN
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