“A comunidade científica tem gerado resultados muito importantes a nível de influenciar a decisão em termos de saúde pública e decisão dos vários governos e isso tem corrido naturalmente bem e acho que é assim que deve ser”, afirmou o investigador do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA), em declarações à agência Lusa a propósito do aparecimento de 13 casos em Portugal desta nova variante do SARS-CoV-2.
Segundo o microbiologista, a população não deve “entrar em pânico” com a nova variante do coronavírus SARS-CoV-2 detetada na África do Sul.
Disse esperar que dentro de duas/três semanas os grandes laboratórios farmacêuticos e instituições que estão envolvidos nos ensaios de neutralização de anticorpos libertem dados que “sejam consistentes o suficiente” para que se possa “tirar uma conclusão mais séria acerca desta nova variante”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje que o risco global representado pela nova variante Ómicron do coronavírus é “muito alto”.
Para o coordenador do estudo sobre a diversidade genética do novo coronavírus em Portugal, devia ter havido “um pouco mais de prudência” por parte da OMS, uma vez que ainda não há dados que digam que a Ómicron é uma variante mais severa.
“Eu penso que foi lançado o pânico de uma forma um bocadinho desnecessária mesmo pela própria Organização Mundial de Saúde. Acho que devia haver um pouco mais prudência”, defendeu.
João Paulo Gomes afirmou que há “motivos para preocupação”, na medida em que esta variante é caracterizada por “um anormalmente elevado número de mutações na proteína de superfície [Spike]”.
“Muitas dessas mutações, a comunidade científica já sabe que podem impactar a transmissibilidade, bem como a ligação aos nossos anticorpos e, portanto, temos direito de pensar: será que as vacinas estão em perigo? Será que ela é mais transmissível. A resposta é não sabemos”, vincou.
O investigador lembrou que é tudo muito recente: “Estamos a falar de casos com duas, três semanas em todo o mundo, portanto, ela terá ainda uma circulação muitíssimo residual”.
“Caso contrário não teríamos este número muito residual de casos detetados em todo o mundo”, declarou.
O responsável pelo Núcleo de Bioinformática do Departamento de Doenças Infecciosas do INSA explicou que a suspeita de maior transmissibilidade da Ómicron se prende apenas com o facto de estar “a crescer bastante em frequência numa região particular da África do Sul”, uma região com uma grande densidade populacional.
Portanto, sustentou, “podem existir aqui fatores muito específicos que façam com que nos levem a suspeitar da sua maior transmissibilidade, mas não passam de suspeitas, não existem e repito, até à data, dados não só epidemiológicos como laboratoriais que permitam concluir acerca da sua maior transmissibilidade ou da sua potencial associação a uma menor eficácia das vacinas”.
LUSA/HN
0 Comments