Presidente da AUSVFX: “Temos uma unidade de saúde que não responde às necessidades dos seus utentes”

12/05/2021
A falta de consultas e médicos de família levaram a que milhares de doentes de Vila Franca de Xira vissem privado o seu direito aos cuidados de saúde. Insatisfeitos com a resposta dada pela USF, vários residentes e utentes decidiram avançar com a criação da Associação de Utentes de Saúde de Vila Franca de Xira (AUSVFX). Em entrevista ao nosso jornal, Inês Capucha Valério, dirigente da associação, garante: "Não somos um sindicato (...) queremos ser uma ponte entre a população e os serviços de saúde".

HealthNews (HN) – Em setembro deste ano foi criada a Associação de Utentes de Saúde de Vila Franca de Xira. Enquanto presidente gostaria de explicar sobre o que motivou a criação da associação?

A muita dificuldade acesso aos serviços de saúde da USF motivou a criação da Associação de Utentes de Saúde de Vila Franca de Xira. Independentemente de estarmos a viver um período complicado por causa da pandemia, temos uma unidade de saúde que não responde às necessidades dos seus utentes. Não se consegue ter consultas, há falta de médicos e de administrativos.

Durante a pandemia houve muitas pessoas que ficaram privadas do contacto com o serviços de saúde. Nos casos em que os doentes não tinham e-mail era quase impossível entrar em contacto com estes serviços. Havia apenas um contacto telefónico disponível para uma população de mais de quinze mil pessoas com médico de família atribuído…

Os cuidados de saúde primários são a primeira grande porta dos doentes e, portanto, não podemos descurar os estes cuidados.

HN- A associação é constituída exclusivamente por residentes e utentes da Unidade de Saúde de Vila Franca de Xira?

São essencialmente residentes utentes da zona de Vila Franca de Xira, mas também fazem parte amigos e outros desconhecidos, mas que se juntaram também. No meu caso, se fosse preciso abordava as pessoas na rua.

HN- Mencionou os motivos pelos decidiram avançar com a criação da AUSVFX, mas qual será o vosso tipo de intervenção?

Temos consciência de que não podemos pura e simplesmente alterar a forma de funcionamento da USF nem contratar médicos. Sabemos que o sistema de saúde funciona de uma forma hierárquica… e, por esse motivo, pretendemos perceber efetivamente quem é que está a fazer o que. De facto, neste momento está a decorrer um inquérito que lançámos para tentar perceber quais são as maiores dificuldades da USF e se têm noção das dificuldades que a população sente no acesso aos serviços, assim como verificar quais são as soluções que estão a ser implementadas… No fundo, queremos perceber de que forma a associação pode ajudar para resolver os problemas atuais.

HN- Serão mediadores, é isso?

Queremos ser uma ponte entre a população e os serviços de saúde de forma a otimizar a mensagem.

HN- A apresentação pública da associação terá lugar no dia 13 deste mês, quais são as vossas expectativas para o arranque deste projeto?

Será mais uma formalidade, uma vez que através da Internet é mais fácil chegar às pessoas, até porque estamos a atravessar uma fase complicada da pandemia. Portanto, a expectativa para a apresentação é que a unidade de saúde familiar reconheça a nossa existência e que não nos tome a partida como um inimigo, porque não somos. Não somos um sindicato nem vamos fazer nenhuma manifestação. Pelo contrário, queremos arranjar soluções e ajudar. 

Entrevista de Vaishaly Camões

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