Pandemia acelerou digitalização, urbanização e visão regional em África

12 de Dezembro 2021

O vice-presidente da Corporação Financeira Internacional para África e Médio Oriente disse este domingo que a pandemia de Covid-19 acelerou três tendências em África: uma visão regional sobre o continente, a digitalização e a urbanização.

“Antes da pandemia, África era uma região que na globalidade tinha um crescimento muito forte, não uniforme, principalmente porque as maiores economias não cresciam de forma tão forte como as outras, mas havia várias com um crescimento muito forte, e a pandemia, que originou a primeira recessão em 25 anos, acelerou três tendências”, disse Sérgio Pimenta em entrevista por vídeoconferência à Lusa, a partir de Washington.

“Olha-se para o continente de uma maneira mais regional, com a implantação da Zona de Livre Comércio Continente Africana [AfCFTA, na sigla em inglês], um documento importante, há clientes nossos que exportavam para outros continentes e que agora preferem vender para o país vizinho, dadas as dificuldades de exportação, e esta é uma tendência que já existia, mas que teve uma aceleração muito interessante, porque quanto mais integrada e resiliente África for, mais força vai ter”, disse o vice-presidente da IFC para África e Médio Oriente.

Depois, Sérgio Pimenta nota uma mudança na urbanização: “África sempre foi vista como um continente maioritariamente rural, com a maioria da população e da pobreza nas zonas rurais, mas 50% das pessoas estão já na cidades e a aumentar, uma tendência acelerada com a pandemia, e que é preciso analisar, porque as questões de desenvolvimento e pobreza em meio urbano são bem diferentes das mesmas questões no meio rural”.

Os países africanos, acrescentou, têm de ser apoiados nesta “transformação urbana para terem urbes ecologicamente sustentáveis e com emprego, áreas onde é preciso trabalhar fortemente”.

Por último, Sérgio Pimenta nota a digitalização da economia como a última tendência acelerada pela pandemia de Covid-19 em África, setor em que a IFC contribuiu com financiamentos de mil milhões de dólares, cerca de 880 milhões de euros, no ano fiscal que terminou em junho.

“Já existia antes da pandemia, mas a digitalização teve um aumento muito forte e é um dos aspetos mais importantes, porque se já existia antes da pandemia uma diferença entre o continente africano e o resto do mundo, temos de ter muito cuidado para que a diferença não se acentue e, pelo contrário, haja menos e que África fique integrada na economia digital”.

Para este responsável, “África tem oportunidades para uma transformação real da economia e do tecido socioeconómico e isso vai permitir um desenvolvimento do continente para o futuro”.

LUSA/HN

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