Estudo confirma ligação entre vacina da Moderna e raros problemas cardíacos

17 de Dezembro 2021

A vacina da Moderna contra a Covid-19 apresenta um pequeno risco de provocar problemas cardíacos, mas sem consequências graves, de acordo com um estudo publicado na quinta-feira, que usou como amostra toda a população dinamarquesa.

O estudo, publicado na revista científica British Medical Journal (BMJ), também revela riscos cardíacos associados à vacina da Pfizer, mas apenas para mulheres.

“A vacinação com [a Moderna] está associada a um maior risco de miocardite ou pericardite em dinamarqueses, principalmente na faixa dos 12-39 anos”, resumem os autores.

A miocardite e pericardite são inflamações do coração. A primeira afeta o miocárdio, o principal músculo cardíaco, e o segundo, o pericárdio, a membrana que envolve o coração.

Estas conclusões estão em sintonia com estudos anteriores que levaram várias autoridades de saúde, incluindo as de França e da Dinamarca, a suspender a utilização da vacina da Moderna nos mais jovens. A Islândia suspendeu para todos os adultos.

Este trabalho é o primeiro realizado à escala da população de um país inteiro, estando a Dinamarca — com cerca de 5,8 milhões de habitantes — na vanguarda da recolha e da utilização de dados de saúde pública.

Segundo o estudo, os riscos de miocardite ou pericardite parecem três a quatro vezes maiores em vacinados com a Moderna, no mês seguinte à vacinação, do que nos com a Pfizer.

Quanto à vacina da Pfizer, “está associada a um maior risco de miocardite ou pericardite” nas mulheres, notam os investigadores, que admitem ter-se surpreendido com esta conclusão.

Os investigadores insistem, em todo o caso, no facto dos problemas cardíacos continuarem a ser raros, inclusive nos menores de 40 vacinados com a Moderna, uma vez que engloba apenas cerca 0,005% dessa faixa etária.

É importante salientar que os problemas permaneceram ligeiros na maior parte do tempo e nenhuma morte ou paragem cardíaca foi observada em vacinados com miocardite ou pericardite.

De forma mais ampla, o facto de ter recebido uma dessas duas vacinas está até associado a um menor risco de morte por paragem cardíaca em comparação com os não vacinados, mesmo não sendo esta a principal conclusão avaliada pelo estudo.

LUSA/HN

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