Ambas as instituições irão ocupar naves das antigas instalações da Docapesca, com cerca de 7.000 metros quadrados, num investimento inicial de 70 milhões de euros englobado num plano geral de 300 milhões de euros para intervenção na frente ribeirinha do Tejo entre Pedrouços e Cruz Quebrada, que incluirá marinas, hotéis, restauração, ciclovias e arranjos de espaços exteriores, para o que hoje foram assinados protocolos com a administração do Porto de Lisboa.
A reabilitação das instalações que irão receber o Ocean Campus é um projeto com duração prevista de dois anos.
O pólo da Fundação Champalimaud no Ocean Campus, junto à doca de Pedrouços, incluirá uma central de computação e armazenamento de dados, laboratórios experimentais, espaços para cursos e áreas para criação de novas empresas, com capacidade para manter ao mesmo tempo 320 investigadores a trabalhar, em regime rotativo.
O espaço será ocupado pelo programa de neurociências, que será expandido para “avançar para uma maior ideia de aplicação, através do envolvimento de empresas, de médicos e de atividade de prestação de cuidados de saúde”, afirmou a presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza.
“O grande objetivo é encontrar meios de inteligência artificial, de ‘software’, que possam ser meios terapêuticos nas áreas da medicina mais ligadas a doenças do cérebro, à neurologia e à psiquiatria. Utilizaremos os investigadores que já temos e teremos mais uma possibilidade de atrair outros investigadores nacionais e internacionais”, acrescentou.
Leonor Beleza referiu que “a utilização de algoritmos e máquinas tem vindo a revolucionar a medicina e prometem fazer muito mais do que neste momento está ao alcance dos humanos” e que no novo espaço, que funcionará em regime de aluguer ao Porto de Lisboa, se trabalhará “no domínio desses meios pelos humanos”.
O Instituto Gulbenkian de Ciência trabalhará na investigação das relações entre as alterações ambientais e o domínio da saúde humana, “combinando disciplinas como a fisiologia celular e do organismo, patologia, ecologia e evolução para entender o efeito do meio ambiente, particularmente dos micróbios, nos estados de saúde e na doença do ser humano”, frisou a presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota.
“A perspetiva inovadora de que a manipulação dos micróbios pode ser usada para o combate à doença é fonte de esperança”, considerou, adiantando que a instituição está a recrutar novos investigadores para procurar fazer descobertas no domínio da ciência fundamental que se possam “pôr ao serviço da saúde”.
Na assinatura dos protocolos, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, afirmou que é por projetos como este que passa a “competitividade dos países”, considerando que a política fiscal “não é a bala de prata”.
Pedro Nuno Santos, que esteve nos governos do PS durante os últimos seis anos, afirmou que após “o ruído do combate e do debate político-partidário acaba por sobrar pouco” de conclusões sobre como desenvolver um país, “crescer, fazer coisas com maior valor acrescentado para poder pagar melhor ao povo”.
“São estes os melhores exemplos, que nos colocam na fronteira, não de ser pioneiros em Portugal, mas na frente no mundo”, afirmou.
LUSA/HN
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