“Nenhum país poderá sair da pandemia com doses de reforço”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, que se tem manifestado reiteradamente contra a administração de doses adicionais de vacinas contra a Covid-19 quando uma parte da população mundial, os mais pobres, em particular em África, continua por imunizar.
Segundo o dirigente da OMS, que falava na videoconferência de imprensa regular da organização sobre a evolução da pandemia, os “programas indiscriminados de reforço” da vacinação “tendem a prolongar a pandemia em vez de acabá-la, desviando as doses disponíveis para países que já têm altas taxas de vacinação, dando assim ao vírus mais oportunidades de se espalhar e sofrer mutações”.
A advertência de Tedros Adhanom Ghebreyesus surge quando vários países, incluindo Portugal, avançam com o reforço da vacinação contra a Covid-19 com uma terceira dose. Israel decidiu administrar uma quarta dose a pessoas com mais de 60 anos e a profissionais de saúde por causa da variante Ómicron do novo coronavírus, considerada mais contagiosa.
O médico etíope realçou que as doses convencionadas das vacinas contra a Covid-19 (duas doses) “continuam eficazes” contra as variantes do SARS-CoV-2, incluindo a Ómicron, e que “a grande maioria dos internamentos e mortes são de pessoas não vacinadas e não de pessoas que não têm doses de reforço”.
Há uma semana, Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que não havia “provas da eficácia das doses de reforço” contra a Ómicron, a propagar-se muito rapidamente, a um ritmo sem precedentes.
De acordo com o comité de peritos da OMS para a política vacinal, pelo menos 126 países deram instruções para a administração de uma dose de reforço ou para uma vacinação suplementar (por exemplo de crianças), dos quais 120 já iniciaram as campanhas de inoculação com esse propósito. A maioria dos países são ricos.
A Covid-19 é uma doença respiratória causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, cidade do centro da China, e que se disseminou pelo mundo.
LUSA/HN
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