Unidades de saúde familiar mobilizaram 80% dos enfermeiros e 60% dos médicos para a Covid-19

3 de Janeiro 2022

A quase totalidade das unidades de saúde familiar mobilizaram até 80% dos enfermeiros e 60% dos médicos para a Covid-19, alertou a associação do setor, que defendeu uma resposta diferente para a pandemia em 2022.

Os dados constam de um questionário que a Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar (USF-AN) promoveu, entre 10 e 14 de dezembro de 2021, aos seus associados sobre a forma como estão a ser geridas, em cada Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS), as suas atividades, no âmbito da Covid-19, e qual o impacto que têm provocado.

“Vimos que 99% das USF respondentes referem que, nos últimos seis meses, tiveram até 80% dos seus enfermeiros e até 60% dos seus médicos de família e secretários clínicos diariamente mobilizados para o atendimento relacionado com a covid-19, muitas vezes de um dia para o outro, com toda a perturbação que tal acarreta para as atividades previamente agendadas”, adiantou a USF-AN em comunicado.

Segundo a associação, depois de “toda a aprendizagem já alcançada” em 2020 e 2021, a gestão da pandemia no próximo ano não pode ter a mesma resposta e, por isso, avança com várias com propostas que considera urgentes.

Uma destas propostas passa por terminar com as áreas dedicadas para doentes respiratórios (ADR), com a integração do atendimento desses doentes no circuito de doentes agudos, que “sempre existiram nos cuidados de saúde primários”.

Além disso, a USF-AN defendeu que deve também terminar a vigilância feita pelos profissionais dos cuidados de saúde primários no `trace covid´, assim como a constituição de equipas próprias para os centros de vacinação, compostas por um núcleo de profissionais exclusivos.

Outra das medidas preconizadas é a internalização da gestão do SNS24 e criação de `call centers´ por áreas metropolitanas e distritos, em função da densidade populacional, com equipas próprias do Ministério da Saúde e contratos com empresas para compensação de picos de procura, e a revisão dos algoritmos com participação efetiva dos cuidados de saúde primários.

A associação pretende ainda medidas para dar uma “resposta efetiva e humanizada aos utentes sem equipa de saúde familiar atribuída”, o que poderá passar pela abertura de mais USF e pela criação de fatores de atração dos profissionais que estão no mercado de trabalho, fora do Serviço Nacional de Saúde.

Segundo os resultados do inquérito, que recebeu 153 respostas, 93% das USF dão apoio a mais do que uma das unidades e dos serviços criados no âmbito da pandemia e este apoio é assegurado no horário que estava destinado aos serviços da USF aos seus utentes.

“De entre estas novas unidades e serviços encontram-se os centros de vacinação covid-19, as áreas dedicadas para doentes respiratórios, a vacinação nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) e no domicílio dos utentes com dependência, a Unidade de Saúde Pública, o apoio a surtos em lares, a atividade relacionada com as estruturas de retaguarda covid e outras, como testes nas ERPI e linha telefónica de apoio ao covid”, salientou a associação.

O inquérito permitiu ainda constatar que 99% das unidades referiram que os profissionais estão cansados ou em `burnout´, 91% assumem que não conseguem assegurar o que deveriam em termos clínicos aos utentes, 54% referem conflitos dentro da equipa e 69% conflitos com os utentes.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

IGAS processa Eurico Castro Alves

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) anunciou hoje ter instaurado em novembro de 2024 um processo ao diretor do departamento de cirurgia do Hospital Santo António, no Porto.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights